sábado, 8 de abril de 2017

Sobre Trump, Hitler, Bolsonaro e Feminicídio

 Por Reinaldo Melo


           Muitos se equivocam quando adjetivam Trump de maluco, doido, lunático, etc.
Não é. Ele é um ser humano e sua linha de pensamento está assentada na manutenção de uma ordem vigente.
          Assim como invariavelmente fazem com Hitler, o desumanizam para esconder a sua racionalidade e a sua humanidade. Sim, pois o monstrificando é mais fácil digerir do que aceitar que suas ações são humanas e compreensíveis dentro da lógica do poder.
          A mesma lógica aparece em opiniões e análises sobre estupros e feminicídio. Há uma estrutura patriarcal que diariamente reproduz o ódio a tudo o que é feminino. A mulher desumanizada é uma construção ideológica que justifica todas as mazelas a ela impostas.
          Os escravagistas, por exemplo, colocavam o negro abaixo de um boi. Claro, se animaliza para poder escravizar. Bolsonaro acabou de adjetivar negros, índios e mulheres, justamente como estratégia de afirmar a superioridade branca masculina. Por isso, quando se fala que um homem que estupra ou que mata uma mulher tem problema de cabeça, está se justificando o crime cometido, quando se deveria debruçar nas causas reais deste crime.
          Feminicídio é um ato racional dentro da lógica da estrutura patriarcal. Não basta, por exemplo, invadir a casa de uma moça. Tem que agredir, estuprar e degolar. O rapaz que cometeu a barbaridade curtia páginas da Veja, Bolsonaro, Sherazade, Ronaldo Caiado, MBL e mais coisas atreladas à manutenção da ordem vigente. Isso diz muitas coisas sobre o que ele fez.
          É o puro poder sendo exercido, a prática plena da ideologia que ressalta o homem como absoluto e objetivo. Matar uma mulher por ser mulher é mais do que um ato físico, é a afirmação de uma supremacia masculina.
          Enquanto ficarmos a tratar estes homens como monstros ou como seres fora da curva e não como homens que praticam suas ações pautadas por uma lógica de poder, nunca iremos solucionar tais questões, pois nenhum problema é modificado caso não o enxergamos


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