Por Reinaldo Melo
Somos 250 mil professores e a maioria. tirando aqueles que são
canalhas beneficiados pelos sistema e os tucanos, é contrária aos desmandos do
PSDB para com o nosso trabalho, seja em estrutura, seja em remuneração.
O que me pergunto é qual o motivo dessa maioria não parar. No
meu entender, não é por mera questão ideológica, pois quem aqui conhece
(tirando os canalhas e tucanos) professores que estão felizes com a situação,
com a profissão? Há professores que estão nas escolas, mas são os primeiros a
abrirem um planejamento ou ATPC com a sessão de lamentações.
Não sejamos hipócritas , todos aqui estavam esperando uma
decisão positiva do judiciário para que mantivéssemos a luta com o mesmo vigor
e com o mesmo número de colegas de semanas anteriores. E com os últimos ventos
vindo do judiciário, vimos que muitos colegas de luta voltaram para a sala de
aula.
No meu entender não é por mera questão ideológica que grande
parte do professorado não adere à greve, mas pela coerção econômica, pois como
explicar que colegas com ideologia cristalizada de esquerda voltaram para sala
de aula? Ou seja, ideologia é fundamental, mas não é tudo.
Mas alguns podem contra argumentar: “Mas e os colegas que ainda
continuam firmes?” E eu pergunto “Firmes, até quando? Até dezembro?”
Devemos analisar o real e não a simples questão ideológica. O
Capitalismo não é um sistema que domina o cidadão por mera ideologia, há
instrumentos de coerção econômica. De acabar com o tempo, com a disposição e
com as oportunidades desse cidadão participar de questões de interesses dele
próprio. A realidade não pode ser desprezada em nossas análises.
Ao mesmo tempo, nossa pauta foi totalmente despolitizada e
deslocada. Despolitizada porque ficamos com o discurso do que, concretamente? O
discurso de reajuste de 75% foi um erro. Ao mesmo tempo, deslocada porque a
duzentena, a reabertura de salas e a readmissão de professores eram coisas que
nem deveríamos estar pautando, pois já ocorreram. Por isso, a direção sindical
é um grupo de filhos da pauta, pois constroem nossas reivindicações ao bel
prazer de suas conveniências.
Por que? Porque esta greve foi uma greve atrasada. Em setembro e
Outubro, as (os) dirigentes de ensino chamaram boa parte das subsedes para uma
reunião para informá-las dos fechamentos de sala com o falso argumento da
redução de demanda (redução de demanda com sala de aula lotada?). Aqui na minha
subsede, eu sei dessa reunião desde o ano passado, e a APEOESP apenas
procurando erro burocrático na atribuição de aulas, sem politizar a questão das
demissões. Ficaram pianinhos.
E além de já saber sobre as demissões, sabia que seria ano de
greve. E nessa reta final o que faz? Judicializa a nossa causa, fazendo boa
parte do movimento depender do judiciário para que seguisse com a mesma
intensidade. Ou seja, o próprio judiciário virou um filho da pauta nessa
história, e nós a criarmos esperanças a partir de um poder que sempre esteve
contra nós.
Sabendo que haveria greve, como justificar que campanha e ações
para fundo de greve ocorressem apenas depois do primeiro mês? CadÊ a verba
bilionária da CUT para nos ajudar, já que parte do nosso movimento tirou a
direita da rua? Cadê a verba da APEOESP para colaborar com as subsedes e não
deixando os próprios comandos que, deveriam estar fortalecendo a greve, se preocuparem
com o próprio fundo? Eu vi lista de doação de deputado. Não quero depender de
Vicentinho, ora bolas. E os conselheiros da APEOESP que estão aposentados?
Quantos contribuíram para com o fundo de greve e com os companheiros do
comando. Eu ouvi da boca de um conselheiro aposentado que não iria ajudar
companheiro de comando que não tinha dinheiro da passagem porque isso era
assistencialismo. Eu tinha de ir buscar o companheiro na casa dele com o meu
carro.
A derrota é iminente, mas não defendo recuo. Estamos coagidos
financeiramente e é este o problema que devemos enfrentar neste momento para
continuarmos na luta.
A proposta que acho viável neste momento é ficarmos parte do
tempo em faróis principais de nossas cidades com cartazes de “SOU PROFESSOR SEM
SALÀRIO” e pedir mesmo esmola para os motoristas. Enquanto parte de um comando
continue a visitar as escolas, outra parte vai tentando angariar fundos nos
faróis da cidade. E não falo de um grupo num farol só, mas de um ou dois
professores num farol, para não se dar trela ao anti esquerdismo. Estou dizendo
de usar estratégia de compaixão mesmo para os potenciais doadores.
Também tem o trem. Dois professores ficarem no trem o dia
inteiro, fazendo o discurso de vagão em vagão, de como está a educação de SP, e
pedir dinheiro mesmo, dizendo que está sem salário, mas que quer uma escola
melhor para os filhos dos trabalhadores.
Creio
que isso pode amenizar a coerção econômica sobre a qual estamos sendo
submetidos no momento. Não dá pra confiar no judiciário, a derrota é iminente,
a unidade acabou, mas não acho que queremos voltar agora. Temos de pensar
medidas para essa coerção e ao mesmo tempo começar a radicalizar extremamente o
movimento. Chega de ficar andando em procissões. Temos de forçar negociação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário