segunda-feira, 29 de abril de 2013

A greve continua

O texto abaixo foi copiado do perfil de Roque Silva no facebook. A foto também é uma indicação dele.

Eu ainda acrescentaria:

"Uma pessoa diz:

– Meu filho é prejudicado por causa desta greve.

Um professor retruca de imediato:


– Seu filho é prejudicado durante todo o ano letivo, desde quando ele estuda, pela falta de prioridade do governo com a educação. O Alckmin é o culpado pela greve. É ele quem prejudica seu filho!


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Mais gente. Ou aumentou um terço ou passamos de 10 para 20 mil, algo assim. Os professores caminham pela Avenida Paulista. Nos cruzamentos fechados, motoboys reclamam. Carros importados buzinam inutilmente. Um transeunte passa, olhando como quem não entende o nexo das coisas. É talvez uma figura importante da república disfarçado em roupas de assalariado, pois reclama: "Isso é a Paulista, gente... Pra que fechar?" De todo modo, alguns moradores acenam dos apartamentos, aplaudem, jogam papéis (embora outros balancem negativamente a cabeça).

Um carroceiro, catador de lixo, leva tapinhas nas costas, enquanto espera a multidão que passa. Na minha vez, falo com ele: "Desculpe atrapalhar seu trampo, mano." "Num tem problema não, véio, tô esperando a transformação também." A marcha prossegue. Já na Consolação, um edifício ocupado por sem-tetos: gente pobre acena das janelas, com o punho erguido. Das janelas dos apartamentos remediados, chovem mais papéis picados. Um garçom pergunta: "Pra onde vocês vão?" Um engraçadinho responde: "À praça da República: ainda não podemos ir ao socialismo."

Um velho professor, negro, grande, tranquilo, "com as pontinhas dos dedos na aposentadoria", comenta tristemente ao meu lado: "Menino... quando eu fiz isso a primeira vez, em 84, achava que a gente resolvia isso logo, logo... Num pudia imaginar que trinta ano depois ainda ia tá aqui marchando..."

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