segunda-feira, 29 de abril de 2013

Escola precisa ser mais atraente para cativar alunos


"As crianças têm mais necessidade de modelos do que de críticas." A frase, do filósofo francês Joseph Joubert, é muito atual se considerada a necessidade que os professores têm ao observar o comportamento dos estudantes.

Existem duas vertentes fundamentais quando se pensa em comemorar ou não o Dia da Educação no Brasil. A primeira é a qualidade aplicada ao ensino, seguida do combate à evasão escolar nos ensinos Fundamental e Médio. Os dados ainda assustam, considerando que mais de 3 milhões de crianças e jovens na faixa etária dos 4 aos 17 anos estão fora da escola, de acordo com dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).

Mesmo assim, especialistas do setor analisam a data com visão otimista para os avanços com relação ao conteúdo e à gradativa inclusão das crianças a partir dos 4 anos em sala de aula. Porém, admitem que a melhoria ainda é lenta no que diz respeito ao cumprimento da lei da obrigatoriedade do Ensino Fundamental. A legislação determina que, até 2022, 98% das crianças e jovens de 4 a 17 anos estejam matriculados e frequentando a escola regularmente.

Para a evolução desse quadro, a presidente da Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação), Cleuza Repulho, acredita que o ambiente escolar precisa se tornar mais atraente. "Estamos no caminho certo, mas as escolas não estão preparadas para esse adolescente, elas não conseguem atraí-los. É necessário que haja mudança com conteúdos mais específicos e noções digitais. Tudo isso deve ser ligado à vida que o aluno quer ter futuramente."

Seguindo nessa direção, a educadora acredita que os resultados serão cada vez mais produtivos para evitar a evasão escolar e também a repetência, algo que ela é totalmente contrária. "Nossa fragilidade está na entrada dos alunos que estão fora da escola ou em ciclos diferentes do que deveriam estar. Um estudante de 15 anos, por exemplo, que deveria estar no Ensino Médio, ainda cursa o Fundamental. Casos como esse giram em torno de 1,5 milhão."

Para a gerente de projetos do movimento Todos pela Educação, Andrea Bergamaschi, a qualidade de ensino e aprendizado está diretamente relacionada às dificuldades de cada aluno para que não haja acúmulo de um ano para o outro. Entre os problemas mais frequentes estão a mudança de professores e o aumento da demanda de disciplinas.

Na região, o declínio desses pontos foi observado nos exames de 2007, 2009 e 2011 da Prova Brasil, que divulgou o percentual de aprendizagem adequada no 5º e 9º ano para as disciplinas de Matemática e Língua Portuguesa. Em todos os municípios houve queda nos percentuais de evolução ao longo do tempo, conforme o movimento educacional.

PROFESSOR
No caminho para melhorar a qualidade do ensino também está o desafio de otimizar a formação do docente. Educadores veem o ponto como motivo de preocupação e necessidade de investimento governamental urgente. "A jornada excessiva não dá condições para aperfeiçoar o conhecimento e, com isso, o professor termina ficando sem habilidade para lidar com uma sala de aula heterogênea, com alunos de níveis diferentes. Sou a favor também de um melhor desenvolvimento psicopedagógico", comenta a diretora da Faculdade de Educação da PUC (Pontifícia Universidade Católica), Neide Noffs.

Interação com tecnologia deve aumentar
Especialistas na área da Educação defendem o uso de novas tecnologias em sala de aula para auxiliar os estudantes a compreender o conteúdo passado pelo corpo docente. A informática é um dos principais meios sugeridos para interação com os materiais tradicionais.

Para a presidente da Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação), Cleuza Repulho, é indissociável a relação entre Educação e tecnologia. "Dizemos que as crianças de hoje são digitais e os professores analógicos, pois já estão acostumadas a ficar quase 24 horas conectadas, e muitos professores ainda não estão adaptados a esse realidade", salienta Cleuza.

A professora vai além na observação e chama a atenção para a necessidade de aprimoramento e adaptação dos conteúdos dos livros para os smartphones e tablets. "A interação tecnológica é algo que precisa existir cada vez mais em sala de aula. O site no MEC (Ministério da Educação) já conta com ferramentas para interagir com professores e empresas", detalha.

REGIÃO
No Grande ABC, prefeituras trabalham no projeto de implantação do uso de tablets e netbooks há pelo menos dois anos.

Neste mês, a Prefeitura de São Caetano adquiriu 170 notebooks que são usados nas salas das sete escolas da cidade. Os equipamentos são manuseados por 6.000 alunos. Os 43 mil estudantes da rede municipal de São Bernardo já utilizam 15 mil netbooks desde agosto de 2001. A Prefeitura de Santo André já iniciou a entrega de tablets para alunos do Ensino Fundamental e tem como meta equipar, ainda neste ano, as 51 escolas da cidade.

Lei obriga ampliação de vagas até 2016
Tendo em vista a aprovação da Lei Federal 12.796, em abril, Estados e municípios têm até 2016 para garantir o atendimento da demanda de crianças a partir dos 4 anos. Antes da mudança, os pais eram obrigados a matricular os filhos apenas aos 6 anos.

A legislação traz consigo a necessidade de investimento e adequação por parte do poder público. Além da contratação de professores e profissionais da área educacional, é preciso pensar na ampliação do número de vagas ofertadas, o que demanda novas unidades, de acordo com a presidente da Undime, Cleuza Repulho.

Hoje, 1.422 crianças de 4 e 5 anos estão fora da escola por falta de vagas na região. Diadema é o município com o maior deficit para esta faixa etária, com fila de espera de 929 pequenos. Em São Bernardo, são 333, e em Ribeirão Pires, 160. Santo André, São Caetano e Mauá afirmaram que atendem 100% dos interessados.

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