terça-feira, 29 de março de 2011

Discurso religioso

Acabei de receber em meu e-mail uma “oração” que tive que postar aqui. É uma súplica dos professores de São Paulo ao Senhor! Não consegui achar onde foi postado originalmente, mas o Adilson pode ser achado no twitter.

Discurso Religioso, por Adilson Ferreira
Ó Senhor, tende piedade desses pobres professores que estão correndo riscos de saúde, com a ansiedade de um prêmio que eles não sabem se virá. Protegei vossas almas para o pior que virá! A destruição do Estatuto do Magistério legitimada com reuniões com um secretário raposa disfarçado de bom moço... e a TPB (Tensão Pré-Bônus) que faz com que colegas passem noites sem dormir e consequentemente interferindo em vossas saúdes. Senhor tenha piedade deste povo que está apenas começando a sentir as dores que virão depois de saberem que não receberão nada mais além de mil reais e olhe lá de bonificação fora o que o imposto de renda comer. Aliviai vossas tensões para que não caiam em depressão! Amém!

continuação discurso religioso , por Prof. Jooba
Senhor, e se caso já nos encontrarmos em depressão, também nos ajude para não fazermos nenhuma besteira, pois se continuarmos sem pagar aluguel, pensão etc e tals poderemos ir presos e sair grandes marginais das cadeias públicas, podemos virar homens e mulheres bombas Senhor. Não me deixe virar um fora da lei vendedor de cds piratas e orégano senhor. Esse salário infeliz está destruindo minha família Senhor, por favor Senhor mate e pise q nem pisamos nas baratas Senhor, nesses filhos do Satã q comandam a Educação e os bens públicos. Também não nos deixe virar anarquistas terroristas Senhor. Amém!

domingo, 27 de março de 2011

As funções da educação infantil

O livro O cuidado e a formação moral na educação infantil, de Thereza Montenegro, é muito útil para quem quer refletir sobre a prática dos profissionais da educação infantil.

Mesmo com as necessárias atualizações no que diz respeito à regulamentação do trabalho em creches, a reflexão mais importante trazida pela autora continua atual e fundamental para os profissionais que atuam com educação infantil: a necessidade de formação específica para aqueles que trabalham com educação de crianças na primeira infância e especificamente nas creches.

Somente com formação específica os profissionais deixarão de ser meros cuidadores (lembrando que a dimensão do cuidado em creches também é muito importante) e passarão a ser educadores. Somente com formação específica esses profissionais terão condições de fazer com que as crianças sejam formadas em questões morais. Sim, desde a primeira infância existe a necessidade de formação moral. É bom lembrar que as crianças estão mais abertas ao aprendizado. É bom que boas coisas sejam passadas para elas justamente nesta fase da vida.

Por tudo isso, indico a leitura.

MONTENEGRO, Thereza. O cuidado e a formação moral na educação infantil. São Paulo: Educ, 2001.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Especial atenção às crianças e adolescentes

Newton Lima *

No Brasil, comemoramos o Dia da Criança em 12 de outubro; por essa razão, pouca gente dá importância ao Dia Mundial da Infância, que ocorre no dia 21 de março. A data foi estabelecida pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef – sigla em Inglês).

A infância é a fase da vida do ser humano na qual ele está mais aberto ao conhecimento e, ao mesmo tempo, mais vulnerável a distorções do crescimento. É preciso, portanto, ter um cuidado especial com a primeira infância – de zero a seis anos. Precisamos colocar à disposição dessas crianças tudo o que for necessário para dar a elas base de sustentação, fornecendo-lhes condições para se tornarem jovens e adultos com intelecto plenamente desenvolvido.

Dados do recente relatório da Unicef sobre a Situação Mundial da Infância, divulgado no final de fevereiro, mostram avanços obtidos com relação à proteção à primeira infância. Nos últimos 20 anos reduziu-se 33% a Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) entre crianças com menos de cinco anos de idade. Praticamente eliminou-se a diferença de gênero nas matrículas primárias. No Brasil, 26 mil vidas de crianças com menos de cinco anos foram poupadas nas duas últimas décadas.

No estado de São Paulo, a TMI, que era de 13,4 em 2005, passou a 12,5. Ou seja, ao invés de morrerem 13 crianças a cada mil nascidas, passaram a morrer 12. Isso segundo o último levantamento realizado pela Fundação Seade, em 2009. Em São Carlos, cidade da qual fui prefeito por duas vezes, a taxa é bem inferior à média estadual. Apesar de ainda ser alta (8,4) é uma das menores do estado entre as cidades de médio e grande porte.

O relatório da Unicef também aponta que é importante dar atenção aos adolescentes, para não corrermos o risco de jogar por água abaixo os avanços que obtivemos nos números referentes à primeira infância. Há cerca de 1,2 bilhão de adolescentes no mundo; mais de 70 milhões deles estão fora do ensino fundamental. No Brasil, são 21 milhões os adolescentes, o que representa 11% da população do país. A violência os atinge diretamente: a adolescência é a faixa etária mais vulnerável a ela; nos últimos 20 anos, 81 mil adolescentes brasileiros foram assassinados.

Desde o governo Lula o país vem desenvolvendo amplas políticas públicas de inclusão social. Mas ainda precisamos avançar no sentido de possibilitar que as crianças cheguem à vida adulta com melhores condições que as oferecidas aos jovens de hoje. Para isso, além de mantermos as políticas desenvolvidas para a primeira infância e para juventude, temos que investir em ações voltadas especificamente para a adolescência.

Para começar, deveríamos definir o perfil do ensino médio. Atualmente, ele tanto pode ser uma ponte para a universidade quanto um caminho para a formação profissional. Essa incerteza prejudica os professores, que não sabem exatamente qual deve ser o enfoque de suas aulas, e, principalmente, os adolescentes, que passam a não ver sentido em uma escola cheia de incertezas. Muitos chegam a abandonar a escola.

A partir do momento em que as pesquisas apontam que não basta mais ter concluído o ensino médio para se conquistar um bom posto de trabalho, indicando a necessidade de formação técnica, poderíamos concluir que é preciso fazer com que os adolescentes, principalmente os mais carentes, tenham acesso ao ensino técnico durante o ensino médio. Com isso, eles estariam mais preparados para entrar no mercado de trabalho. Mas, é bom lembrar que há duas décadas dizíamos que, para ter acesso ao mercado de trabalho, os adolescentes teriam que cursar o ensino médio. Hoje, o mercado está saturado de jovens com o ensino médio e mesmo com cursos universitários, concluídos ou em conclusão; no entanto, sobram vagas para pessoas com baixa escolarização ou com mais de 15 anos de estudo.

Portanto, é preciso cuidado ao se afirmar que o ensino médio deve adotar uma postura de formação para o mercado de trabalho. Assim como aconteceu com o ensino médio, em 10 ou 15 anos teremos mais técnicos do que vagas de trabalho para absorver esse tipo de mão de obra.

O correto, portanto, é garantir educação de qualidade desde a infância para conseguirmos melhorar a base de formação. Esse investimento já significará uma melhora no nível educacional nas outras fases de formação, mas não podemos correr o risco de perder o investimento feito no ensino infantil. Temos que dar condições para que os adolescentes e os jovens continuem sua caminhada de crescimento cognitivo e profissional e, desta forma, contribuam não apenas com desenvolvimento pessoal, mas do país.

* Dep. Federal PT São Paulo, foi reitor da UFSCAR (1996) Prefeito de São Carlos – 2001/2008 e Secretário Geral da Frente Nacional de Prefeitos 2007/2008.