sábado, 29 de abril de 2017

Sobre os vagabundos

SOBRE OS VAGABUNDOS


           Dia 28 de abril, vagabundos de todo o Brasil participam da greve geral em protesto contra as reformas trabalhista e previdenciária.
          Ainda bem que existem vagabundos para defender os seus direitos. E, claro, os meus também. Afinal, os vagabundos tiveram papel importante na construção dos direitos em todo o mundo.
Foram vagabundos que, com as greves do início dos anos 80, forçaram os grandes empresários a apoiar a luta pela volta da democracia, pondo fim a uma ditadura de 20 anos.
           Eram também vagabundos aqueles hippies que iniciaram uma revolução cultural nos anos 60 e culminaram na emancipação feminina e no respeito ao direito das minorias.
Naquela época, lá nos Estados Unidos, um pastor vagabundo liderou milhares de outros vagabundos pelo reconhecimento dos direitos dos negros e pelo fim do apartheid naquele país.
           Por falar em apartheid, quem não se lembra do vagabundo que ficou preso na África do Sul por quase toda sua vida e que acabou derrubando um regime racista com suas greves e boicotes a produtos produzidos pelos brancos?
           Foram também vagabundos que, no início do século XX, iniciaram uma onda de manifestações na Europa e na América pelo reconhecimento dos direitos trabalhistas e pela redução da jornada de trabalho.
          Assim como as vagabundas que foram queimadas em uma fábrica norte-americana chamaram a atenção do mundo para a equiparação dos direitos femininos àqueles dos homens. Foi em um 8 de março, mais tarde reconhecido como dia internacional da mulher.
           Se eu fosse lembrar de todos os vagabundos que lutaram e perderam a vida para que eu e você tivéssemos uma vida melhor, não bastaria um textão na internet. Eu precisaria escrever uma enciclopédia.
Portanto, termino com uma pequena frase: ainda bem que existem os vagabundos!

(Autor desonhecido)

Fonte -  http://prioridadeeducacao.blogspot.com.br/2017/04/sobre-os-vagabundos.html


sábado, 8 de abril de 2017

Sobre Trump, Hitler, Bolsonaro e Feminicídio

 Por Reinaldo Melo


           Muitos se equivocam quando adjetivam Trump de maluco, doido, lunático, etc.
Não é. Ele é um ser humano e sua linha de pensamento está assentada na manutenção de uma ordem vigente.
          Assim como invariavelmente fazem com Hitler, o desumanizam para esconder a sua racionalidade e a sua humanidade. Sim, pois o monstrificando é mais fácil digerir do que aceitar que suas ações são humanas e compreensíveis dentro da lógica do poder.
          A mesma lógica aparece em opiniões e análises sobre estupros e feminicídio. Há uma estrutura patriarcal que diariamente reproduz o ódio a tudo o que é feminino. A mulher desumanizada é uma construção ideológica que justifica todas as mazelas a ela impostas.
          Os escravagistas, por exemplo, colocavam o negro abaixo de um boi. Claro, se animaliza para poder escravizar. Bolsonaro acabou de adjetivar negros, índios e mulheres, justamente como estratégia de afirmar a superioridade branca masculina. Por isso, quando se fala que um homem que estupra ou que mata uma mulher tem problema de cabeça, está se justificando o crime cometido, quando se deveria debruçar nas causas reais deste crime.
          Feminicídio é um ato racional dentro da lógica da estrutura patriarcal. Não basta, por exemplo, invadir a casa de uma moça. Tem que agredir, estuprar e degolar. O rapaz que cometeu a barbaridade curtia páginas da Veja, Bolsonaro, Sherazade, Ronaldo Caiado, MBL e mais coisas atreladas à manutenção da ordem vigente. Isso diz muitas coisas sobre o que ele fez.
          É o puro poder sendo exercido, a prática plena da ideologia que ressalta o homem como absoluto e objetivo. Matar uma mulher por ser mulher é mais do que um ato físico, é a afirmação de uma supremacia masculina.
          Enquanto ficarmos a tratar estes homens como monstros ou como seres fora da curva e não como homens que praticam suas ações pautadas por uma lógica de poder, nunca iremos solucionar tais questões, pois nenhum problema é modificado caso não o enxergamos