domingo, 8 de novembro de 2009

Epílogos de nossos dias

Hoje fui ao Museu da Língua Portuguesa. É maravilhoso! Quem ainda não foi tem que ir. E com tempo para ver tudo (se conseguir). Fiquei, mais uma vez, maravilhado com Gregório de Matos. Resolvi postar aqui o poema dele que ouvi durante minha visita. Vejam se tem a ver com nossos dias.

Epílogos

Que falta nesta cidade?................Verdade
Que mais por sua desonra?...........Honra
Falta mais que se lhe ponha..........Vergonha.

O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
numa cidade, onde falta
Verdade, Honra, Vergonha.

Quem a pôs neste socrócio?..........Negócio
Quem causa tal perdição?.............Ambição
E o maior desta loucura?...............Usura.

Notável desventura
de um povo néscio, e sandeu,
que não sabe, que o perdeu
Negócio, Ambição, Usura.

Quais são os seus doces objetos?....Pretos
Tem outros bens mais maciços?.....Mestiços
Quais destes lhe são mais gratos?...Mulatos.

Dou ao demo os insensatos,
dou ao demo a gente asnal,
que estima por cabedal
Pretos, Mestiços, Mulatos.

Quem faz os círios mesquinhos?...Meirinhos
Quem faz as farinhas tardas?.........Guardas
Quem as tem nos aposentos?.........Sargentos.

Os círios lá vêm aos centos,
e a terra fica esfaimando,
porque os vão atravessando
Meirinhos, Guardas, Sargentos.

E que justiça a resguarda?.............Bastarda
É grátis distribuída?......................Vendida
Que tem, que a todos assusta?.......Injusta.

Valha-nos Deus, o que custa,
o que El-Rei nos dá de graça,
que anda a justiça na praça
Bastarda, Vendida, Injusta.

Que vai pela clerezia?..................Simonia
E pelos membros da Igreja?..........Inveja
Cuidei, que mais se lhe punha?.....Unha.

Sazonada caramunha!
enfim que na Santa Sé
o que se pratica, é
Simonia, Inveja, Unha.

E nos frades há manqueiras?.........Freiras
Em que ocupam os serões?............Sermões
Não se ocupam em disputas?.........Putas.

Com palavras dissolutas
me concluís na verdade,
que as lidas todas de um Frade
são Freiras, Sermões, e Putas.

O açúcar já se acabou?..................Baixou
E o dinheiro se extinguiu?.............Subiu
Logo já convalesceu?.....................Morreu.

À Bahia aconteceu
o que a um doente acontece,
cai na cama, o mal lhe cresce,
Baixou, Subiu, e Morreu.

A Câmara não acode?...................Não pode
Pois não tem todo o poder?...........Não quer
É que o governo a convence?........Não vence.

Que haverá que tal pense,
que uma Câmara tão nobre
por ver-se mísera, e pobre
Não pode, não quer, não vence.

Kassab e a educação

“Tenho de gritar, tenho de arriscar,
ai de mim se não o faço!
Como escapar de Ti, como calar
se Tua voz me queima dentro?
Tenho de andar, tenho de lutar,
ai de mim se não o faço!
Como escapar de Ti, como calar
se Tua voz arde em meu peito.”


Caros,
Durante a campanha eleitoral na qual foi reeleito, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) + (oníaco), prometeu que criaria vagas em creches para todas as crianças na idade do atendimento. Ele não apenas não está cumprindo sua promessa, como descumpre a Lei Municipal que obriga a prefeitura a divulgar trimestralmente o número de vagas não atendidas. Essas informações podem ser conferidas na Folha Online (http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u532730.shtml).

Agora, numa tentativa de abrir mais vagas em creches, ele está cortando vagas no ensino infantil, obrigando as escolas de ensino infantil conveniadas (que recebem dinheiro da prefeitura para fazer uma tarefa que seria da prefeitura – cujas licitações são questionadas pelo Tribunal de Contas do Município) a se transformarem em creches.

Segundo reportagem da Folha de S.Paulo
(http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u648527.shtml), isso tem levado ao corte de vagas no ensino infantil, cuja demanda por vagas também não é atendida, tendo 28 mil crianças na fila de espera. Diríamos que ele está “descobrindo um santo para cobrir outro”, mas não é nem isso, pois o santo que ele está descobrindo sequer estava coberto.

Não é possível que as pessoas ligadas ao mundo da educação e/ou que acreditem que a educação é uma das principais pilastras para sustentação de uma sociedade mais justa saibam disso e permaneçam caladas.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Seminário discute política nacional para o ensino médio; participação e diversidade foram destaques

Terminou nesta quinta-feira (24/9) o “Seminário Nacional de Políticas para o Ensino Médio”, proposto e organizado em articulação entre o Ministério da Educação (MEC) e diversas entidades da sociedade civil para debater as políticas voltadas para essa etapa do ensino no Brasil. “Foi um espaço muito importante, que reuniu uma diversidade de pessoas, entre gestores, escolas, comunidades quilombolas, indígenas, dentre outros. Além disso, colocou desafios, principalmente de se pensar em perspectiva nacional, dando conta da diversidade”, afirma Ana Paula Corti, assessora da Ação Educativa.

Ela também destaca que o seminário refletiu o grau ainda muito frágil que se tem de reflexão sobre o ensino médio nos estados brasileiros. “O seminário foi um espelho de que há uma discussão muito inicial nos estados sobre o que é ensino médio”. Ana Paula também ressaltou que, dentro do tema da diversidade, houve espaço para questões como educação inclusiva, tema ausente do debate público. “Foi colocado durante o seminário que, pela primeira vez, houve debate público sobre educação inclusiva no ensino médio, Ela sempre é debatida em termos de educação infantil e ensino fundamental, mas os maiores desafios para inclusão estão no ensino médio”, diz.

Em entrevista ao Observatório da Educação, Carlos Artexes Simões, diretor de concepções e orientações curriculares para educação básica do Ministério da Educação, avaliou de forma positiva o encontro, pela importância de articulação dos sistemas de ensino, de professores e estudantes. “No atual momento, é fundamental criar canais de interlocução, divulgação e reflexão, que possam conduzir os caminhos da agenda do ensino médio. O seminário dá uma contribuição importante para isso, traz vozes e interlocuções importantes”.

Artexes afirmou ainda ser necessário pensar o ensino médio em sua totalidade, levando em conta as especificidades, as diversidade, na discussão de política mais ampla da etapa. “É fundamental aproximar os diferentes campos, reconstruir o processo de pensar as diversidades”.

Em relação aos desdobramentos e às ações necessárias para incidir nas políticas de ensino médio, a partir do que foi debatido no seminário, Artexes coloca a importância da relação da sociedade com o governo. “Este seminário reconstrói um caminho de uma interlocução para influenciar diretamente na política. Os desdobramentos vão depender muito da organização dos próprios movimentos, de como possam garantir a interlocução e interferência nas políticas de ensino médio”, diz.

Artexes pede apoio da sociedade para a agenda que está posta e precisa ser consolidada: “o governo federal colocou iniciativas importantes a partir de demandas sociais. É preciso garantir avanços, como financiamento, expansão da rede, transporte, alimentação, ensino médio inovador, enfim, é preciso manter a sociedade participando, consolidando e aprimorando essas iniciativas”.

Dentre os desafios, também ressalta a necessidade de articular as ações apontadas para gerar efetiva mudança e melhoria na escola média, para garantir à população brasileira o direito à educação de qualidade.

Roda de conversaA Ação Educativa realizou, em três de setembro, uma “roda de conversa” sobre a atual política nacional para o ensino médio, com ênfase na PEC 277/08 – que dispõe sobre a obrigatoriedade do ensino dos quatro aos 17 anos e sobre o fim da Desvinculação das Receitas da União em Educação (DRU) – e o Programa Ensino Médio Inovador, de iniciativa do Ministério da Educação (MEC).

Fonte: Observatório da Educação, 24/9/2009

Bolsa-Família esbarra na educação

Números do Pnad mostram queda da escolarização
em oito Estados na faixa de alunos entre 7 e 14 anos
Um levantamento do Estado com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE mostra resultados aparentemente contraditórios para o Bolsa-Família em 2008, na comparação com 2007. Na faixa de 15 a 17 anos, incluída no benefício a partir do ano passado, a taxa de escolarização cresceu de 1 a 7,4 pontos em 20 Estados e só recuou em 3. No grupo de 7 a 14 anos, porém, 8 das 27 unidades da Federação viram cair seu porcentual de matriculados em até 1,1 ponto.

No agrupamento mais velho, cresceram mais de quatro pontos Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Piauí, Sergipe e Minas. No grupo mais jovem, perderam estudantes o Distrito Federal, Santa Catarina, Goiás, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Piauí e Pernambuco. Uma das condições para integrar o programa, que oficialmente completou seis anos no dia 20, é a frequência escolar.

"A mudança das condicionalidades do Bolsa-Família é um foco que a gente precisa abordar", defende a coordenadora de Avaliação Educacional do Distrito Federal, Gláucia Guerra. A capital federal tem problemas de Estado pobre, perdendo alunos nos dois grupos etários no período - só Rio Grande do Norte está nessa situação.

Segundo a Pnad, o DF registrou menos 0,2 ponto porcentual de matrícula na faixa de 7 a 14 anos , passando de 98,2% para 98%. Na faixa seguinte, a queda foi de 87,6% para 87,4%.

A defesa de Gláucia de modificações nas condições para ingresso e permanência no Bolsa-Família se assemelha à do diretor do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (CPS-FGV), Marcelo Néri. "As condicionalidades do programa já eram obsoletas. Agora ficaram mais", diz ele. "Falta uma agenda mais desafiadora."

Ele sugere incluir indicadores de desempenho e prêmios, como cadernetas de poupança, para os estudantes. O procedimento foi adotado em Nova York, onde um programa semelhante ao brasileiro foi atrelado ao avanço escolar dos beneficiários. Néri esclarece, porém, que não defende o estabelecimento de uma nota de corte para todos os alunos. "Se fizer a avaliação só pela nota, vai penalizar os pobres, porque 80% do desempenho é dado pelo background familiar, e esses jovens vêm de famílias com baixa escolaridade."

CAUTELA
As diferenças de resultados dos dois grupos etários do programa, no ano passado, são acentuadas, embora especialistas recomendem cautela na comparação. A escolarização de 7 a 14 já se situa em patamar muito alto - o Estado com menor taxa, Alagoas, tem 95,9%, segundo a Pnad. Em contraste, entre os jovens de 15 a 17 há mais espaço para crescer: neles, nenhum Estado bateu os 90%, e o que tem menor taxa, Rondônia, mesmo crescendo 1,7 ponto porcentual, foi a 76%, ou seja, ainda tem um em cada quatro jovens desse grupo fora da escola.

No agrupamento mais jovem, apenas nove Estados cresceram de 0,5 a 1,1 ponto: Tocantins, Pará, Amapá, Rondônia, Rio Grande do Sul, Amazonas, Acre, Bahia e Mato Grosso do Sul. Nacionalmente, as duas faixas cresceram de 97,6% a 97,9% e de 82,1% a 84,1.

As mudanças ocorreram em um período de aumento nas verbas do Bolsa-Família. O projeto absorveu R$ 10.811.168.987 em 2008, R$ 1.589.076.926 (17,23%) a mais que os R$ 9.222.092.061 de 2007. O Estado com maior aumento foi o Amapá, com 47,19% a mais - 0,6 de ganho da escolarização na faixa de 7 a 14 e mais e 1,5 no grupo de 15 a 17.

Em segundo, veio o Rio, que no ano passado ganhou R$ 115 milhões a mais - aumento de 30,89% nos recursos, para uma expansão de apenas 0,1 ponto na escolarização dos mais jovens (98,1% para 98,2%) e de 1,5 na outra, de 86,5% para 88%. Foi a segunda maior do País, atrás do Amapá (89,2%) e à frente de São Paulo (87%).

Com queda de 1,1 no grupo mais jovem, Santa Catarina ficou em último lugar na faixa de 7 a 14 - sua escolarização aí caiu de 99% para 97,9%. No grupo de 15 a 17, cresceu 0,7 ponto. Coincidentemente, foi a unidade da Federação com menor aumento de recursos de 2007 para 2008, apenas 3,65% (mais R$ 3.888.443). No ano anterior, fora o único Estado a ter redução de verbas, menos 0,4 ponto, equivalente a pouco mais de R$ 533 mil, de acordo com dados do Portal da Transparência.

ANÁLISEA secretária nacional de Renda de Cidadania do Ministério do Desenvolvimento Social, Lúcia Modesto, atribui o aumento na escolarização dos jovens de 15 a 17 anos à chegada do Bolsa-Família a essa faixa. Ela afirma, porém, que o recuo na faixa de 7 a 14, em sua maior parte, pode ser devido a variações nas amostras da Pnad, ou seja, uma questão de medição.

"O único dado fora da curva é Santa Catarina", diz ela. "Precisaria ver o movimento demográfico para opinar."

Lúcia ressalta que o aumento de gastos do projeto deveu-se a reajuste no valor dos benefícios, porque o número de famílias permaneceu o mesmo. Atualmente, de 6 a 17 anos, há 16,6 milhões de estudantes inscritos no programa, cerca de 30% do total dessa faixa.

Fonte: Wilson Tosta - O Estado de S.Paulo, 25/10/2009, pág. A-15

Jovens viram agentes de leitura no Paraná

O Paraná vai aderir ao projeto Agentes de Leitura, do Ministério da Cultura. No próximo ano, o estado deve investir R$ 500 mil na seleção, contratação, formação e manutenção de duzentos jovens, os agentes de leitura, que terão a missão de ler livros para grupos de pessoas e estimular a leitura entre a população de seus municípios. Por sua vez, o Ministério entrará com R$ 1 milhão. Os recursos também serão utilizados na aquisição de livros e outros equipamentos.

“Através do projeto, serão selecionados jovens entre 18 e 29 anos de idade para serem agentes de leitura. Eles irão passar por um processo de formação e posteriormente ser contratados pelas prefeituras. Irão receber uma bicicleta para poder chegar às comunidades mais distantes, duzentos livros e R$ 350,00 mensais”, conta o deputado federal Marcelo Almeida (PMDB), que recentemente participou da abertura do Fórum Nacional Mais Livro e Mais Leitura nos Estados e Municípios, em Brasília (DF).

Os agentes poderão promover
rodas de leitura, empréstimos de livros e contações de histórias a crianças, apresentando novos autores e estimulando as pessoas a descobrirem a leitura como algo prazeroso. Eles irão atuar principalmente em cidades pequenas, onde não existem livrarias e as bibliotecas são escassas, geralmente tendo acervos já bastante defasados.

“O projeto Agente de Leitura foi inspirado em uma iniciativa existente no interior do Ceará e, em minha opinião, é um dos melhores projetos de incentivo à leitura do Ministério da Cultura. Atualmente, o brasileiro lê, em média, 1.8 livro por ano, o que é uma quantidade bastante pequena. São necessários bons programas para que esta realidade seja modificada”, finaliza o deputado.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Análise sobre a educação brasileira

O Ipea divulgou na quarta-feira uma análise sobre a educação brasileira, baseada nos dados da PNAD 2008 (disponível no site do IBGE). O documento (Comunicado da Presidência nº 32) está disponível no site do Ipea (http://www.ipea.gov.br/003/00301009.jsp?ttCD_CHAVE=12426). Recomendo a leitura não apenas dos gráficos sobre a educação, mas do documento na íntegra, que traz as explicações sobre os gráficos. Além disso, é preciso refletir sobre as informações e compará-las com outros dados, mesmo os do próprio IBGE, mas também os do MEC/Inep.

Tudo a ver com a educação

Todos sabem que este blog tem como principal iniciativa o levantamento de questões sobre a educação no país. Por isso, ao ler o texto abaixo, alguns poderão achar estranho que ele tenha sido reproduzido neste blog. No entanto, o fiz por acreditar que ele também tem tudo a ver com a educação. Também ela é influenciada pelos meios de comunicação e todas as iniciativas que buscam verdadeiras modificações em seu sistema são criticadas pela mídia dependente do capital, assim como acontece agora com o MST. Leiam o texto com atenção e verão o quanto ele tem em comum com o que acontece na educação e com todos os demais segmentos sociais que tentam uma mudança no rumo da sociedade.

Lobinho

O trator da grande mídia a serviço do agronegócio
Um trator derrubando pés de laranja pode pouco perto da aliança entre os controladores das ondas eletromagnéticas e os modernos latifundiários. É o monopólio do ar apoiando o monopólio da terra.
A imagem de um trator derrubando pés de laranja está em todos os telejornais. A máquina é dirigida por um militante do MST. O local é uma fazenda da Cutrale, empresa gigante do ramo de sucos. Depois de afirmar que a propriedade é produtiva, a reportagem ouve uma representante do Movimento. Ela afirma que os laranjais foram derrubados para que seja plantado feijão: “Ninguém pode viver só de laranja”.

Há uma comoção geral. Um sentimento de escândalo. Por que? Porque a cena toda apareceu fora de contexto. Trata-se de 2,7 mil hectares pertencentes à União e tomadas pela empresa ilegalmente. O plantio de laranja pode ser produtivo do ponto de vista dos lucros que vai gerar para a empresa. Mas não do ponto de vista social. No caso, trata-se de mais um exemplo de atividade típica do agronegócio. Geradora de bilhões em lucros e pouquíssimos empregos. E ainda por cima, fora da lei.

Mas, os grandes meios de comunicação não explicam nada disso. Exibem a imagem do trator derrubando árvores na Cutrale. Não mostram o exército de tratores do agronegócio que derrubam centenas de milhares de hectares de floresta amazônica e cerrado todos os anos. Não questionam o moderno latifúndio, que arrasa matas e animais, destrói comunidades, desvia rios, remove montanhas, abre crateras. Tudo em nome de uma produção para exportação, que gera poucos empregos, quase nenhum alimento e super-lucros para os de sempre.

Tudo isso poucos dias depois da divulgação dos dados do Censo Agropecuário do IBGE. Números que revelam o que já se sabe há muito tempo. O Brasil tem a maior concentração fundiária do mundo. Enquanto propriedades com até 10 hectares representam menos de 3% da área total, a parte ocupada por propriedades com mais de mil hectares concentram mais de 43%. Ao mesmo tempo, a agricultura familiar emprega 75% da força de trabalho no campo e produz 87% da mandioca, 70% do feijão, 58% do leite etc. Tudo com muito pouco apoio oficial.

Mas, nada vale tanto quanto a imagem de um trator derrubando pés de laranja. Comoção parecida ocorreu em março de 2006, quando mulheres da Via Campesina destruíram mudas de um viveiro da Aracruz. Naquela época, como agora, muita gente de esquerda, que apóia a luta dos Sem-Terra e da Via Campesina, condenou a ação. Considerou pouco tática.

Os que mais usam essa argumentação são “nossos aliados” no parlamento e no governo. Sempre tão cautelosos em relação à imagem dos movimentos sociais, não ajudaram a mostrar que as instalações da Aracruz nada tinham de cientificas. Que o plantio de eucaliptos é um dos maiores crimes ambientais e que a grilagem de terra é uma das especialidades dessa gigante do celulose.

O fato é que há questões e momentos em que os poderosos deixam pouco espaço para que a luta adote táticas sutis. Qual é a alternativa do MST à derrubada do laranjal? Distribuir panfletos nas grandes cidades denunciando as práticas de grilagem da Cutrale? Ou esperar que o Incra desaproprie a área tanto quanto espera há 29 anos que os índices de produtividade rural sejam revistos?

Os panfletos poderiam ser distribuídos aos milhões. Teriam pouco efeito frente ao apoio que uma Cutrale tem da grande mídia. Aquela que fala com milhões de pessoas a cada segundo. O caso dos índices de produtividade é um escândalo. Mas, 99,5% da população não sabem o que eles significam. Claro, a grande mídia não pautou a questão. Mal dedica meia dúzia de minutos por semana a ela. Não faz debates. E quando os faz, eles acontecem em horários inacessíveis, em canais fechados, com especialistas entendidos apenas por seus pares acadêmicos.

Enquanto poucos grupos poderosos continuarem a controlar a transmissão de informação pelas ondas eletromagnéticas a situação será esta. O monopólio do ar apóia o monopólio da terra. O monopólio da terra anda de braços dados com o grande capital. E este conta com total apoio dos vários níveis de governo. Todos unidos para manter os níveis extremos de desigualdade social no Brasil. Esta sim uma característica que dá ao Brasil um lugar no olimpo da exploração capitalista.

Sérgio Domingues

FONTE: MIDIA VIGIADA

SITE: http://midiavigiada.blogspot.com/
PUBLICAÇÃO: 07/10/2009

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A onda

Recomendo o filme “A onda” a professores, estudantes de pedagogia e amantes da educação, mas também àqueles que gostam de ver um bom filme. “A onda” vai além da reflexão sobre os problemas que podem ser encontrados em uma escola e as formas como os educadores lidam com eles. A trama é empolgante, prende o público.

Levanta a reflexão sobre o fascínio do poder (fascismo) e sobre a “necessidade” que algumas pessoas sentem em “ser mandadas”. Também nos leva a pensar até que ponto os grupos sociais dos quais participamos excluem outras pessoas e faz com que seus membros a acreditem que são os melhores, por mais que tenham “boa intenção” e queiram levar a melhorias na sociedade, à não-exclusão social etc.

O filme alemão é baseado em fatos reais ocorridos no final dos anos 60 na Califórnia (EUA). Durante uma semana na qual a escola leva os alunos a refletir sobre diversas teorias políticas, um professor, que queria fazer a reflexão sobre o anarquismo, é obrigado a falar sobre o autoritarismo, já que outro professor faria a reflexão sobre o anarquismo.

Como o cenário se passa na Alemanha, no primeiro dia do projeto os alunos dizem estar com o “saco cheio” de tanto ouvir falar no tema devido à história do país e acreditam que não é possível surgir um novo regime autoritarista na Alemanha, pois toda a sociedade está preparada para evitar o surgimento de ditadores. O professor discorda e tenta lhes mostrar o contrário.

Faz os alunos refletirem sobre as causas que levam ao surgimento das ditaduras e suas características. Com o passar dos dias, implanta uma “ditadura” na sala de aula. Entre erros e acertos perde o controle da situação.
Havia muito mais a falar sobre pontos que observei no filme, mas prefiro que vocês o vejam para debatermos.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Educação é maior aposta contra a violência

Proposta sobre acesso a escola e lazer foi enviada por 70% das reuniões preliminares da I Conferência Nacional de Segurança Pública
da PrimaPagina
Melhorar a educação como forma de prevenir a violência é a medida mais defendida pelos que enviaram propostas à I CONSEG (Conferência Nacional de Segurança Pública). O projeto que inclui a criação de mais creches, escolas de período integral e a melhoria do policiamento nas escolas foi tema de proposta de 70% dos eventos regionais que antecederam a discussão na capital. Com outras propostas, a ideia será votada na conferência, que começa nesta segunda-feira em Brasília.

A I CONSEG reúne membros do governo, de ONGs e policiais para debater a criação de um Plano Nacional de Segurança Pública. Desde o início do ano, foram promovidas conferências menores: municipais, estaduais e as chamadas conferências livres, que podiam ser realizadas em comunidades, por qualquer grupo de pessoas. Ao todo, 1.359 desses eventos foram realizados e enviaram propostas para serem debatidas em Brasília. As sugestões estão reunidas no Caderno de Propostas da CONSEG.

As mudanças na educação foram propostas em 956 desses encontros regionais. Dentro dessas mudanças foram reunidas sugestões como a integração da polícia em ações educativas, a criação de mais espaços para cultura e lazer, a abertura das escolas públicas aos finais de semana e a ampliação do acesso a bibliotecas e laboratórios de informática. As idéias educacionais foram incluídas no quinto eixo temático da conferência, que trata de “prevenção social do crime e das violências e construção da cultura de paz”.

A segunda proposta mais presente trata da remuneração dos policiais. A ideia, descrita como “criar um piso salarial, digno, justo e igualitário para os profissionais de Segurança Pública” esteve em 611 (44,5%) dos encontros. A terceira ideia mais lembrada, presente em 409 (30,1%) das reuniões é a de aprimorar a rede de informações de segurança pública, com melhorias no sistema de gerenciamento de armas.

Ao todo, as propostas foram reunidas em sete eixos temáticos, que incluem ainda propostas sobre conselhos comunitários de segurança, financiamento de ações na área, condições de trabalho dos policiais, repressão ao crime, melhorias em presídios e prevenção de acidentes.

O fato de uma proposta ter sido defendida por muitos nas etapas anteriores não significa que ela tenha mais chances de ser aprovada, pois todas as propostas chegam à etapa nacional com o mesmo peso. Apesar disso, é possível que os representantes que estão em Brasília reflitam a preferência expressa em eventos regionais. Lá, as medidas serão votadas por mais de 2.000 representantes: 40% são da sociedade civil; 30% são do poder público federal, estadual e municipal e 30% são trabalhadores de segurança.

Outra das propostas mais votadas nas etapas anteriores também envolve educação e prevê a criação de cursos sobre prevenção ao crime em escolas e dentro de movimentos sociais, além de maior apoio a policiais comunitários. Além disso, a humanização do tratamento aos detentos em presídios também se destacou.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Câmara aprova lei que universaliza ensino médio

O texto abaixo foi publicado hoje (26/8) no jornal O Estado de S. Paulo. Na verdade, o projeto foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e não pela Câmara. O GT de Educação do Instituto Paulista de Juventude fará no dia 12 de setembro, das 15h às 18h, no Centro Cultural da Juventude, em São Paulo, um debate sobre “Ensino médio obrigatório: solução ou problema”. Seria bom se todos pudessem dar sua opinião, seja durante o debate ou de outra maneira.

O Centro Cultural da Juventude fica na av. Deputado Emílio Carlos, 3641 - Vila Nova Cachoeirinha, na zona Norte da cidade.

Quem quiser ler o Projeto de Lei (PL 7409/2006), basta acessar o link http://www.camara.gov.br/sileg/integras/412939.pdf. Quem quiser ver a LDB para saber exatamente qual a alteração ele promove na LDB acesse http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm.


Câmara aprova lei que universaliza ensino médio

Um projeto de lei que exige a universalização do ensino médio público e gratuito foi aprovado ontem pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Segundo informações da Agência Câmara, os Estados e o Distrito Federal a princípio arcariam com os custos da expansão da oferta de ensino.

O PL 7409/06, de autoria do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), altera
 o inciso II do artigo 4º e o inciso VI do artigo 10 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) para assegurar o direito de ingresso no ensino médio gratuito. Atualmente, a LDB obriga o Poder Público a garantir a todos apenas o acesso ao ensino fundamental (de1ªa8ªsérie), de responsabilidade dos municípios. Segundo o texto, apresentado em agosto de 2006 e aprovado sem mudanças na Comissão de Educação e Cultura no ano seguinte, a universalização do ensino médio deve ocorrer gradualmente.

O projeto prevê que qualquer interessado poderia exigir dos Estados uma vaga em escola de ensino médio, inclusive por meio de ação judicial, como ocorre com o ensino fundamental. Maiores de 18 anos poderiam optar pela conclusão dos estudos por meio de supletivos.

Com a aprovação pela CCJ, com relatoria do deputado Ciro Nogueira (PP-PI), a proposta segue para sanção presidencial – a não ser que haja recurso para votação pelo Plenário.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Educação para o trabalho X Educação para a vida

Hoje (25/8) a Folha de S.Paulo publicou reportagem sobre a preferência dos estudantes por cursos tecnológicos. São dois textos, um dizendo que 86% pensam no mercado de trabalho no momento da escolha do curso e outro que diz que a maioria dos estudantes desses cursos são jovens e sabem o que querem. Será? Essa “escolha” não se dá em decorrência da realidade social na qual vivemos? Será que a ideologia dominante leva os jovens a tal “escolha”? Quais são as alternativas ao estudo tecnológico?

Esses textos complementam outras reportagens veiculadas há pouco tempo pela imprensa, as quais divulgavam resultados de pesquisas que indicam que os jovens “preferem” o trabalho à educação.

São textos que apresentam uma forma de educação defendida, principalmente, pelo setor produtivo. Segundo essa concepção, os estudantes devem ser preparados para atuar no mercado de trabalho.

Outra forma de educação é a defendida, principalmente, por profissionais da área de humanidades, que pregam a formação dos estudantes para a vida em sociedade, sendo o trabalho apenas uma das formas de convivência social.

É um debate que se estende por muito tempo. Mas, nós temos que nos posicionar: que tipo de educação queremos? É possível conciliar a existência de ambas?

São algumas perguntas que temos que responder.

Leiam abaixo os textos publicados na Folha de S.Paulo.

86% pensaram no mercado na hora de escolher o curso

Maioria dos estudantes é jovem e sabe o que quer, diz pesquisa 

86% pensaram no mercado na hora de escolher o curso

Nessa modalidade, a graduação dura de 2 a 3 anos
RICARDO GALLO - FOLHA DE S. PAULO



Tal qual Flávio, o que mais atrai os alunos de graduação tecnológica é a possibilidade de obter um emprego. Cerca de 86% dos estudantes levaram em conta o mercado na hora de escolher o curso, segundo uma pesquisa - 45% dizem que "é um curso focado numa área com boas chances de emprego" e 41% dizem que "o mercado valoriza o diploma de curso superior tecnológico".
A pesquisa está em dissertação de mestrado de Andréa Andrade, diretora da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do MEC. Estudo da Fatec (Faculdade De Tecnologia de SP) tem resultado semelhante: 87% estudam ali porque acreditam que assim terão mais chance de emprego. Os dados comprovam a expectativa.

No Centro Universitário Senac, onde Flávio estuda, a empregabilidade média é de 85%; nas Fatecs, 93% dos formados há um ano estão empregados. No Senai (ligado à indústria), o índice chega a 100% (em automação industrial). "O mercado precisa de profissionais com conhecimento aprofundado", diz Eduardo Ehlers, diretor do Senac.

Segundo Roberta Froncillo,
responsável pelo sistema de avaliação do Centro Paula Souza, "a crise até agora não atingiu os nossos tecnológos". O órgão abriga as Fatecs - são 48 no Estado de São Paulo.

Uma explicação para a alta empregabilidade está no fato de os cursos serem criados, em geral, a partir de demandas de mercado. Há 102 tipos de cursos superiores de tecnologia autorizados a funcionar pelo MEC, de áreas tão diversas como hotelaria, jogos digitais e automação industrial. O primeiro foi o de hotelaria, criado em1989 pelo Senac, instituição que surgiu para atender às demandas da área de comércio.

Crescimento
Nos últimos anos, os cursos tecnológicos têm crescido muito. De 2002 a 2007, o número de novos alunos aumentou 391%, bem acima da média do ensino superior (22%).
E qual a diferença do curso tecnológico para um bacharelado? "O bacharelado é um curso mais amplo. O tecnológico tem maior profundidade, especialização em determinada área e é voltado para o setor produtivo", afirma Newton Marchi, gerente de administração dos cursos superiores do Senai.

Fonte: Folha de S.Paulo
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/fovest/fo2508200903.htm

Flávio Cavalheiro, 19, saiu do ensino médio técnico disposto a trabalhar com animação gráfica. Pensou muito até decidir: precisava de um curso específico. Entrou em produção multimídia, curso superior tecnológico de dois anos. Três semestres depois, está empregado.

Maioria dos estudantes é jovem e sabe o que quer, diz pesquisa

Faixa etária média dos alunos de cursos tecnológicos vai de 18 a 23 anos


Cursos de tecnologia não são para indecisos. Pesquisa obtida pelo Fovest revela que o aluno dessa modalidade de graduação sabe o que quer, apesar da juventude - 59% deles têm, em média, entre 18 e 23 anos.

"Quando o aluno escolhe o curso tecnológico, já está mais certo sobre a área que vai seguir. Quando está indeciso, opta por um curso de bacharelado, mais generalista", afirma Andréa Andrade, diretora da Sepec (secretaria do Ministério da Educação responsável pelos cursos tecnológicos).

Ela entrevistou 625 pessoas para elaborar o perfil dos estudantes de cursos de tecnologia. A pesquisa subsidiou a dissertação de mestrado que Andréa defendeu neste ano na UnB (Universidade de Brasília). "O aluno já tem visão de futuro e uma expectativa bem específica. Já vem bem mais focado", afirma Newton Marchi, do Senai, com nove unidades no Estado de São Paulo.

Outra pesquisa indica
que quem cursa graduação tecnológica tem afinidade prévia com a área escolhida. Segundo a Fatec, 27% dos seus alunos haviam feito curso de nível técnico no ensino médio na mesma área da carreira que escolheram na faculdade.

Outros 24% tinham curso técnico de outras áreas. "Quando a pessoa já trabalha naquela área, ganha demais com a especialização", afirma Andréa. Segundo ela, o governo se preocupa coma criação de cursos que atendam a demandas regionais. É o caso, por exemplo, do curso tecnológico em viticultura, oferecido pelo Instituto Federal do Rio Grande do Sul em Bento Gonçalves.

Os mais recentes a terem sido criados foram de biocombustíveis, produção cultural, mecânica de precisão e agroecologia, adicionados ao catálogo nacional no ano passado.

Por serem ligados ao setor produtivo, a maioria dos cursos tecnológicos ocorre à noite. As mensalidades nas escolas particulares custam em média R$ 500.(RG)

Fonte: Folha de S.Paulo
(http://www1.folha.uol.com.br/fsp/fovest/fo2508200904.htm)

Maioria dos estudantes é jovem e sabe o que quer, diz pesquisa

Faixa etária média dos alunos de cursos tecnológicos vai de 18 a 23 anos



Cursos de tecnologia não são para indecisos. Pesquisa obtida pelo Fovest revela que o aluno dessa modalidade de graduação sabe o que quer, apesar da juventude - 59% deles têm, em média, entre 18 e 23 anos.

"Quando o aluno escolhe o curso tecnológico, já está mais certo sobre a área que vai seguir. Quando está indeciso, opta por um curso de bacharelado, mais generalista", afirma Andréa Andrade, diretora da Sepec (secretaria do Ministério da Educação responsável pelos cursos tecnológicos).

Ela entrevistou 625 pessoas para elaborar o perfil dos estudantes de cursos de tecnologia. A pesquisa subsidiou a dissertação de mestrado que Andréa defendeu neste ano na UnB (Universidade de Brasília). "O aluno já tem visão de futuro e uma expectativa bem específica. Já vem bem mais focado", afirma Newton Marchi, do Senai, com nove unidades no Estado de São Paulo.

Outra pesquisa indica
que quem cursa graduação tecnológica tem afinidade prévia com a área escolhida. Segundo a Fatec, 27% dos seus alunos haviam feito curso de nível técnico no ensino médio na mesma área da carreira que escolheram na faculdade.

Outros 24% tinham curso técnico de outras áreas. "Quando a pessoa já trabalha naquela área, ganha demais com a especialização", afirma Andréa. Segundo ela, o governo se preocupa coma criação de cursos que atendam a demandas regionais. É o caso, por exemplo, do curso tecnológico em viticultura, oferecido pelo Instituto Federal do Rio Grande do Sul em Bento Gonçalves.

Os mais recentes a terem sido criados foram de biocombustíveis, produção cultural, mecânica de precisão e agroecologia, adicionados ao catálogo nacional no ano passado.

Por serem ligados ao setor produtivo, a maioria dos cursos tecnológicos ocorre à noite. As mensalidades nas escolas particulares custam em média R$ 500.(RG)

Fonte: Folha de S.Paulo
(http://www1.folha.uol.com.br/fsp/fovest/fo2508200904.htm)

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Educação no combate à violência

Professores são capacitados para alfabetizar jovens e adolescentes
Luís Augusto Gomes - JORNAL DE BRASILIA
Um projeto pioneiro que visa capacitar professores para alfabetizar alunos que estão fora da idade-série e enfrentar o problema da violência tanto na escola quanto na rua está sendo desenvolvido para combater a criminalidade no Paranoá e Itapoã. O projeto, uma parceria com a Universidade de Brasília (UnB), foi iniciado depois que o delegado Miguel Lucena, chefe da 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), descobriu que adolescentes estavam em mais de 80% dos casos investigados na região, como vítimas ou autores de crimes graves, entre eles tráfico de droga, assassinato e roubo.

A Polícia Civil constatou que os jovens infratores, na maioria dos casos, foram reprovados ou estavam fora da escola. Segundo Miguel Lucena, revoltados, eles buscam se destacar no meio em que vivem com a prática de delitos. O delegado afirma que as famílias desses jovens são muito pobres e não têm como cuidar, instruir, educar e discipliná-los. Ele acredita que,
nestes casos, falham a família e o Estado na medida em que a escola faz de conta que os educa. "Na verdade, eles encontram mais emoção e prazer no mundo do crime do que na escola", afirma.

Por isso, o delegado acredita que não adianta só a polícia prendê-los. Miguel Lucena avalia que a legislação precisa ser reformada. Mas enquanto as mudanças não são debatidas no Congresso Nacional, a polícia precisa dar sua contribuição para minimizar esse conflito. O de legado garante que uma pesquisa está sendo feita para detectar a relação entre as falhas no aprendizado e a violência. O objetivo é manter esses jovens no caminho da cidadania para que eles não sejam presos no futuro. "Prefiro ir à formatura deles do que ao julgamento no Tribunal de Justiça", disse.

A professora Maria José Rocha Lima, consultora da Unesco junto à representação do Ministério da Cultura em São Paulo e coordenadora do Projeto de Extensão da UnB Brasília Bem Alfabetizada, afirma que estatísticas mostram que 80% dos adolescentes e jovens em cumprimento de medida socioeducativa não completaram o Ensino Fundamental e enfrentam dificuldades de aprendizado.

CONSTRANGIMENTO
No curso de formação para professores alfabetizadores, que trabalha com alunos no contexto de vunerabilidade, foi verificada uma correlação direta entre não aprender e ficar violento, gerando uma situação de constrangimento. Quando as tarefas são aplicadas a esses jovens, eles não conseguem realizá-las e permanecem na escola. Sem conseguir acompanhar os colegas, eles acabam sendo hostilizados. Com isso, ficam isolados e passam a ter comportamento atípico, constituindo um grupo de busca ao prazer com drogas. A consequência é a evasão escolar e o envolvimento com a criminalidade.

Por tudo isso, o delegado acredita que o curso de formação para os professores alfabetizadores, que vão trabalhar com jovens e adolescentes, será fundamental para combater a violência na região do Paranoá. Na opinião da professora Maria José Lima, se a criança não tem acolhimento e é afetivamente privada, a escola tem que oferecer condições para que encontre caminhos eficazes. "A interação social é a base do aprendizado e o veículo fundamental para aprender e ensinar aos outros", diz.

SAIBA+
Alunos que não aprendem ficam fragilizados na escola e buscam a violência como forma de se relacionarem. Por isso, a escola tem um papel central terapêutico fundamental na sociedade.

Existem 700 milhões de pessoas não alfabetizadas no mundo. No Brasil são 14 milhões de analfabetos absolutos e 60 milhões de subescolarizados (pessoas que não aprenderam a ler e a escrever).

A Delegacia de Polícia do Paranoá prendeu 330 delinquentes nos seis primeiros meses deste ano. Deste total, 20 eram traficantes e a maioria não concluiu o Ensino Fundamental.

http://www.educacionista.org.br/jornal/index.php?option=com_content&task=view&id=3795&Itemid=28

Quando a escola é de vidro

“Naquele tempo eu até que achava natural que as coisas fossem daquele jeito.
Eu nem desconfiava que existissem lugares muito diferentes...
Eu ia pra escola todos os dias de manhã e quando chagava, logo, logo, eu tinha que me meter no vidro.
É, no vidro!
Cada menino ou menina tinha um vidro e o vidro não dependia do tamanho de cada um, não!
O vidro dependia da classe em que a gente estudava.”

Esse texto é muito interessante. Nos faz refletir sobre o quanto a escola condiciona os estudantes, transformando-os em meros alunos, numa clara reprodução do sistema social no qual vivemos. Vale à pena lê-lo na íntegra. Para isso, acesse http://www2.uol.com.br/ruthrocha/historias_18.htm. O link leva para uma página onde você encontrará outros textos. Basta descer a barra de rolagem até o texto que mencionei.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Justiça federal determina que Enem 2009 reabra inscrições

Uma decisão da Justiça Federal no Rio de Janeiro determina que o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) reabra as inscrições para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2009.

Leia também: Inep irá recorrer da decisão que determina reabertura de inscrições do Enem
Segundo a sentença, o Inep, que realiza a prova, deve reabrir imediatamente o prazo de inscrições até as 23h59 do dia 28 de agosto. O cumprimento da medida deverá ser comprovado em cinco dias. Se o órgão do MEC (Ministério da Educação) descumprir a medida, deverá ser aplicada multa diária de R$ 10 mil. Ainda cabe recurso.

A decisão ocorreu a partir de uma ação civil pública protocolada pela procuradora Márcia Morgado Miranda, do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, que pedia que não fosse obrigatório informar o número do CPF na inscrição ao exame, uma vez que jovens de 15 a 17 anos - público-alvo do Enem - não são obrigados a ter o documento.

A solicitação foi atendida pelo juiz Bruno Otoro Nery, da 6ª Vara da Justiça Federal no Rio de Janeiro. "Tendo em vista que os participantes do Enem encontram-se na faixa etária média compreendida entre 15 e 17 anos, na qual não é exigido seu cadastro no Ministério da Fazenda, a título de CPF, mas apenas lhe é facultado o ingresso em tal cadastro, a ausência de tal inscrição não pode gerar sanções àquele indivíduo (...)", afirma o magistrado.

O UOL Educação entrou em contato com a assessoria de imprensa do Inep às 14h15 e aguarda resposta da área técnica.

http://educacao.uol.com.br/ultnot/2009/08/20/ult105u8578.jhtm

Ensino médio obrigatório e fundamental integral

Caros,
Nessa quarta-feira (19/8), a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou uma proposta que obriga o ensino fundamental em período integral (segue abaixo texto publicado na Folha de S.Paulo). Ao contrário do Senado, que patina em seu próprio lamaçal e não consegue discutir e votar nada de concreto, principalmente que seja benéfico para o povo, a Câmara dos Deputados mostra maior ação.

Não quero dizer que nossos deputados são melhores, apenas que algo está sendo feito além do jogo político do Senado, que já colocou a disputa eleitoral do ano que vem em pauta e suas ações são voltadas apenas para essa finalidade.

A “ô...posição” tem maior influência no Senado e, principalmente as aves de bico comprido e os enDEMoniados, continuam com sua campanha de queima de qualquer nome do PT que se mostre viável à disputa pelo cargo de presidente, contra o representante da classe dominante, que nesse momento tende a ser o tucano vampiro. Apenas para que ninguém alegue que essa campanha é “teoria da conspiração”, lembremos o que o DEMônio Bornhausen disse: “Vamos acabar com essa raça (petistas) por 30 anos”.

Bom... vamos ao que interessa. A proposta de integralidade do ensino fundamental ainda precisa passar pela comissão de educação para incluir outros pontos necessários para a efetivação da proposta e somente depois vai a plenário (se for).

E nós, enquanto sociedade civil, também precisamos discutir outra obrigatoriedade, a do ensino médio. No dia 12 de setembro, das 15h às 18h, o GT de Educação do Instituto Paulista de Juventude fará um debate sobre esse assunto no Centro Cultural da Juventude (Av. Dep. Emílio Carlos, 3.41, ao lado do terminal Cachoeirinha, em São Paulo). Seria bom se todos comparecessem para dar sua opinião sobre “Ensino médio obrigatório: solução ou problema”. Eu estarei lá.

Segue abaixo texto publicada no Folha de S.Paulo sobre a integralidade do ensino fundamental.
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Comissão da Câmara aprova ensino fundamental integral
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma proposta que institui o ensino fundamental em tempo integral em escolas públicas foi aprovada
ontem pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados.

O texto ainda será analisado por uma comissão especial, que deve detalhar a ideia e incluir o período da jornada escolar, o gasto previsto para a alteração e o prazo para a transição.

A versão atual se limita a assegurar que o ensino fundamental, destinado a crianças de 6 a 14 anos, seja integral na rede pública.

Passando pela comissão especial, a proposta ainda precisará ser votada duas vezes no plenário e analisada pelo Senado.

A ideia do autor da matéria, deputado Felipe Maia (DEM-RN), é instituir uma jornada das 8h às 18h, com pausa de duas horas para o almoço.

Durante a manhã, seriam ensinados os conteúdos tradicionais, deixando a parte da tarde para o ensino de línguas e atividades esportivas e culturais.

O ministro Fernando Haddad (Educação) considerou a proposta louvável, mas disse que a prioridade da pasta é aprovar outra proposta, que torna obrigatória a pré-escola.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2008200916.htm

sábado, 25 de julho de 2009

A educação é prioridade?

A educação é prioridade? Somente em discurso eleitoral.

A correria do dia a dia impediu que eu atualizasse o blog mais constantemente. Mas, em meio às denúncias envolvendo o Senado, alguns fatos precisam ser lembrados.

Pode até parecer que DEMônios e indecisos (leia-se tucanos) pensam somente em arrumar mais denúncias contra o “bigode” – deve ter tanta sujeira que eles vão ficar até 2014 desenterrando os podres. Mas, não é somente isso o que eles fazem. Eles também se organizam e realizam atos para defender a classe que representam, a elite. E o pior é que tem gente da classe trabalhadora que vota nesses caras.

Nessa semana, DEMônios pediram ao Supremo Tribunal Federal (STF)

 – aquele mesmo que tem como seu presidente o latifundiário Gilmar Mendes – a suspensão da liminar que permite as matrículas de estudantes aprovados no vestibular por meio do sistema de cotas.

Não coloco em questão a política afirmativa (compensatória) do sistema de cotas, mas sim a atitude DEMoníaca. Eles tentam impedir (ou pelo menos prejudicar), de qualquer maneira, o acesso de pessoas que não sejam da elite hegemônica (a classe que eles representam) às universidades públicas.

Em seus discursos contrários às cotas eles utilizam argumentos que não lhes pertencem para criticar o sistema de cotas. Dizem que se deve melhorar a qualidade do ensino público para permitir que negros e pobres consigam disputar as vagas com os filhos da elite que estuda em escolas particulares, que, em alguns casos cobra mensalidade de quase R$ 3.000.

Se eles acreditassem nesse argumento, como alegam em seus discursos contrários às cotas, dariam maior importância para algumas matérias (projetos) importantes que tramitam no Senado e que contribuiriam com a melhoria da qualidade da educação pública.

Sabemos que esse não é o verdadeiro desejo dos DEMônios e da grande maioria daquela “casa”. Também fora dela.

Apenas como exemplo, posso citar o Projeto de Lei 480/2007, do senador Cristovam Buarque, que determina que, a partir de 2014, os agentes públicos eleitos matriculem, obrigatoriamente, seus filhos e demais dependentes em escolas públicas. Em 2007 mesmo, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) o antigo relator senador Romeu Tuma (PTB-SP) havia emitido relatório pedindo a rejeição do projeto. Como ele não é mais da CCJ, o projeto foi redistribuído para outro relator, o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE). Este, para não ficar com peso político de rejeitar o projeto em um momento em que todos estão de olho nos podres do Senado, devolveu o projeto “para aguardar Audiência Pública com o objetivo de instruir a matéria em data oportuna.”

Quando será essa audiência pública? É lógico que eles não divulgam. Quando é a data oportuna? Quando o Senado não estiver tão vigiado como está agora?

Mas, além disso, eles deixam de fazer outras coisas que deveriam fazer, como por exemplo, não votar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que termina, de forma gradual, com a Desvinculação de Receitas da União (DRU), que pode ampliar entre R$ 5 bilhões e R$ 9 bilhões o orçamento do Ministério da Educação.

É, mas isso não é privilégio apenas da esfera federal. Aqui em São Paulo, na capital, também acontecem coisas DEMonícas. Empresas que estão sob investigação por servirem merenda superfaturada e de má qualidade ganharam o pregão e vão continuar a servir a merenda nas escolas municipais. Eita DEMônio!

terça-feira, 21 de julho de 2009

A Cela de Aulas - O território fora do Lugar

Sebastião Fernandes Sardinha

Ensaio sobre Sociologia da Educação

“A escola tem de ser boa.
Criança não é masoquista de ficar numa escola ruim.
Escola tem de ser bonita bem equipada
e com professores competentes”
[Cristovam Buarque]

Estes escritos desnudam a opressão logística da sala de aulas, sob a ótica do aluno, sempre (a)notado como objeto de aprendizagem.

O exemplo físico do martírio do aluno no exercício do seu mister educacional é a sala de aulas.
A “sala” de aulas é uma variação bizarra da cela eclesiástica presente nos conventos e seminários ao longo da história.

A “sala” é ergonomicamente construída para oprimir, vexaminar o educando e reafirmar o poder opressório do sistema, na figura do professor, consolidando seu status superior.

Embora rara seja, a cultura continua a reafirmar a dominação professoral que do alto de seu tablado, vigia, fiscaliza a chegada e a permanência do amedrontado aprendiz durante as sessões de incontinência verbal; pois a muitos importa “dar a matéria” sem se importar se o rebento assimilou ou aprendeu.

A arquitetura da cela é conservadoramente igual à de séculos passados, com variações de tamanho dados a adaptação do individual para o coletivo.

A cela, construída originalmente para enclausurar o seminarista ou a “moça” madre é direcionada para oprimir, expor, execrar aquele que atrasado chega ou que mal vai às aulas.

A disposição da porta de entrada é tendenciosamente apontada para frente da turma, com escotilha de vigia.

A Cela de aulas, da maneira tradicional, não tem compromisso com a qualidade do ensino, a considerar que toda vez que alguém adentra no ambiente é imediatamente notado, inclusive pelo professor, que se incumbe logo de despejar suas idiossincrasias no indômito chegante.

A turma fica comprometida cada vez que entra um educando, em virtude do desvio de atenção iminente.

Os utensílios seguem a mesma linha torturante, pois raramente são ergonomicamente confortáveis para as longas horas de subsunção.

A disposição das carteiras (antes), hoje cadeiras, é estrategicamente colocada para definir o grau de estratificação social do aluno. Ou seja, os melhores, na frente, os demais lá atrás.

O exercício do aprendizado é baseado na política do medo, como forma do professor “vencer” os “pestinhas” ou as “pragas” se adolescentes.

O quadro negro, agora verde ou branco, foi arquitetado apenas para os melhores, sem considerar o tamanho da cela, suas peculiaridades, portanto sempre do mesmo tamanho, não importando quem vá usá-lo ou dele usufruir. O importante neste caso é a estética.

A Cela de aulas, como se apresenta em nada favorece o processo de mudança, imprescindível ao crescimento escolar.

Assim a Cela de aulas não é um instrumento democrático a serviço do professor e do educando.

O professor, sempre com muito respeito, faz das vezes de bufão, pois que contaminado pela veia cratológica, imagina-se controlador da situação sendo conscientemente ou ao contrário, instrumento do sistema. O resultado é o desalento a autonegação do educador que fica impotente pela certeza da ausência de resultados.

O Professor deveria como deve ser – para o ensino de crianças e adolescentes - o epicentro das operações de aprendizagem e não o egocentro como ocorre até os dias de hoje.

O olhar para frente do educando pode favorecer uma série de viagens irrespondíveis, longe da vigilância do professor, já que a atenção é artificial, quando deveria ser orgânica.

A atenção artificial é construída sob duas vertentes simultâneas, a concreta e a abstrata. No primeiro caso o educando tem visivelmente sua atenção capturada pelos movimentos por vezes frenéticos do professor e no segundo, permite-se a sua particular viagem pelo imponderável mundo dos sonhos.

A atenção orgânica é a verdadeira abdução pelo professor ao educando permitindo a real interação entre aluno e professor, resultando no melhor do saber.

A Cela de aulas, não é um instrumento democrático, sendo um desserviço para a educação, contribuindo dentre outros fatores para o processo de idiotização do educando.

John Dewey[1] entendia que a verdadeira educação era crescimento em favor da diversidade e, sendo assim, só podia existir na democracia, dado que a democracia era entendida por ele como uma experiência histórica capaz de fazer proliferar pessoas e comportamentos os mais variados.

Os efeitos virais da idiotização do educando, alcança o cidadão no futuro, porque ele lá estará a esperá-lo.

Os analfabetos funcionais são o resultado da má formação na logística dos instrumentos escolares, dentre outros fatores.

A Cela de aulas, não está preparada para receber, o educando com dificuldades visuais, luminográficas; a eqüidistância do centro de atenção é marginal e sem nenhum parâmetro, dificultando sobremaneira a assimilação do conteúdo pedagógico pelo aprendiz.

O desconforto decorrente das condições logísticas da sala de aulas, embrutece o educando, incentivando o espírito de revolta e insatisfação, primeiro com o professor e segundamente com o sistema.

Compreender que em sua casa, senta-se à frente de seus irmãos e pais, (a referência de autoridade) e na escola é deixado para trás, e por vezes, bem lá atrás leva o educando a conclusão de que a escola não é algo bom, aceitável, isto é suportável sob o ponto de vista da dominação ao estilo soft power.

A sala de aulas é o habitus do professor e do educando, como objeto de representação extensiva do lar. A “cela” de aulas é contraditoriamente instalada como componente opressor dos mecanismos de controle social.

Para Bourdieu, [2] em A miséria do mundo, a estrutura do espaço social se manifesta, assim, nos contextos mais diversos, sob a forma de oposições espaciais, o espaço habitado funcionando como uma espécie de simbolização espontânea do espaço social referendando a idéia de que não há espaço, em uma sociedade hierarquizada, que não exprime as distâncias sociais.

Como o espaço social encontra-se inscrito ao mesmo tempo nas estruturas espaciais e nas estruturas mentais que são, por um lado, o produto da incorporação dessas estruturas, o espaço é um dos lugares onde o poder se afirma e se exerce, e, sem dúvida, sob a forma mais sutil, a da violência simbólica como violência despercebida.

A estratificação do território da “cela”, como fator de exercício de poder, faz do educando um refém e ao mesmo tempo um ermitão de muitas pessoas, neste caso, outros educandos. A solidão acompanhada dá força ao mito da memória construída a partir de bases irreais, faz nascer dentro do contexto da atenção artificial, um mundo medonho que vez por outra explode em revolta e provocação contra o Sistema imperante. Temos assim, o delinqüente juvenil. Desabando o imaginário da segurança familiar, nada mais resta ao educando do que fechar-se na cela de sua atenção artificial abstrata.

A depredação de salas de aulas tornou-se caso corriqueiro, a alvoroçar as elites burocráticas.

Destarte, a sensação de segurança e acolhimento é prontamente alijada diante do quadro burocrático, frio e impessoal que a “cela” de aulas representa.

A própria nominação referencial ao educando, ao ser chancelado de “aluno”, (ser sem luz), guarda a imposição do discurso hegemônico do sistema visando destacar a hipossuficiência do candidato ao saber burocrático. Desde muito, o educando já nasce com muitas horas de informações adquiridas no ventre materno pelas promoções emocionais ou nervosas incorporadas por ela.

Aos seis (06) anos, o educando já ingressará na escola - e por conseqüência na cela – com duas mil cento e noventa horas (2.190) de informações educativas obtidas na família, na Igreja, internet, etc...

Aos dezesseis anos (16), estima-se que o educando disponha de 47.000 horas, de informações e experiências adquiridas diuturnamente através dos meios de controle social.

Portanto, é paradoxal classificar o educando como um ser sem luz (aluno), rejeitando o docente, a bagagem de conhecimentos empiricamente colocados na vida daqueles propiciando o distanciamento pelo primeiro do aprendizado, compreendendo-o como algo fora de si, que pertence aos outros. A alienação pelas barbas de Karl Marx faz do indivíduo um ser impróprio, sem identidade original.

Poderíamos construir o pensamento de que a escolarização pós-moderna desconstrói toda a gama de conhecimentos impingidos ao educando pelo Sistema através de todos os mecanismos de controle social.

Em verdade o Sistema através da secularização da educação tem por objetivo desconstruir o baú de informações geneticamente alocadas, para possibilitar a formação do homem dócil.
Admitamos que a totalidade dos acontecimentos decorra da globalização.

Para Held e McGrew[3], a globalização representa uma mudança significativa no alcance espacial da ação e da organização sociais, que passa para uma escala inter-regional ou intercontinental. A globalização gera certa mudança cognitiva, que se expressa numa conscientização popular crescente do modo como os acontecimentos distantes podem afetar destinos locais (e vice-versa), bem como as percepções públicas da redução do tempo e do espaço geográfico.

A “cela” é a periferia do educando, construída dentro de um realismo atroz e massificante, sempre na busca do homem dócil.

Peter Berger[4] arremata: aquilo a que se chama consenso geral é na verdade o mundo dos adultos aceito como óbvio – a ficha escolar transformou-se numa ontologia. Agora a personalidade passa a ser identificada, naturalmente, com a maneira como a pessoa está localizada com precisão no mapa social. O que nos interessa no momento é a maneira como essa localização informa a um indivíduo aquilo que ele pode fazer e o que pode esperar da vida. Estar localizado na sociedade significa estar no ponto de interseção de forças sociais específicas. Geralmente quem ignora essas forças age com risco. A pessoa age em sociedade dentro de sistemas cuidadosamente definidos de poder e prestígio. E depois que aprende sua localização, passa também a saber que não pode fazer muita coisa para mudar a situação.

É o “sistema”, o mapa traçado por estranhos, sobre o qual tem-se de continuar a rastejar.

REFERÊNCIAS
[1] - BERGER, Peter – A PERSPECTIVA SOCIOLÓGICA- O HOMEM NA SOCIEDADE, pag.79, Vozes, Petrópolis, 1972;
[2] - BOURDIEU , Pierre (Coord.), A miséria do mundo, Petrópolis, Vozes, 1997, p. 163.
[3] - GHIRALDELLI jr, Paulo - História da Educação brasileira, pag.151-._Editora Cortez- São Paulo.
[4] - HELD , David e MACGREW, Antony – PRÓS E CONTRAS DA GLOBALIZAÇÃO, PAG.12-Jorge Zahar- Editores.Rio de Janeiro.

Texto veiculado na revista eletrônica Médio Paraíba
http://www.medioparaiba.com.br/revista/noticia.php?l=13b22bb52ac2bd9fda9e87e46047126e

A educação que temos e a educação que queremos

(Caio Andrade)

Nós, jovens de 15 a 24 anos de idade, somos mais de 18% dos 190 milhões de brasileiros. Somos negros, brancos, mulheres, homens e, na maioria das vezes, pobres. Ouvimos dizer por aí que somos o amanhã de uma nação do futuro… só que esse papo de futuro já tá rolando há um tempão e estamos cansando de esperar: estamos no final da primeira década do século XXI e no Brasil 11% da população com mais de 15 anos é analfabeta. Para termos uma idéia do que isso significa, é só darmos uma olhada nos índices dos nossos vizinhos: Uruguai – 2%; Cuba – 2,7%; Argentina – 2,8%; Chile – 3,5%; Costa Rica – 3,8%; Paraguai – 5,6% e por aí vai… será que é melhor a gente esperar o futuro ou fazer história agora?

Tudo bem que de 2001 a 2006 o analfabetismo entre jovens no Brasil caiu de 4,2% para 2,4%. Mas vale a pena olharmos para as desigualdades regionais: essa taxa em Alagoas é de 8,2% e em São Paulo é de 0,7%. Ah, então SP está muito bem!? Em SP há 7.235.481 jovens e 0,7% disso dá 50.648 jovens. Em AL há 589.522 jovens e 8.2% disso dá 48.840 (caraca, são muitos jovens analfabetos!). SP está há anos sob o comando do PSDB e, mesmo sendo o estado mais rico do país está longe de ter a melhor educação pública. AL colhe ainda hoje os frutos que os coronéis não pararam de plantar e, tragicamente, é o estado com maior índice de analfabetismo entre jovens.

Tem mais: a zona rural apresenta taxas de analfabetismo quatro vezes maior (6,4%) que as de zona urbana (1,6%). Também não dá para esquecer que entre a quinta parte (1/5 ou quintil) mais pobre dos jovens brasileiros a taxa de analfabetos é de 6,4% enquanto que na quinta parte mais rica essa taxa é de 0,4%. Essas disparidades se somam a uma outra tão perversa quanto: entre os e as jovens negros e negras o índice de analfabetismo é de 3,3% enquanto entre brancos é de 1,4%, isto é, duas vezes e meia menor.

A evasão escolar e a defasagem idade/série também nos preocupam: metade de todos e todas os/as jovens do Brasil está fora da escola e só 1/3 está cursando estudos em nível compatível com sua idade. Entre os que estudamos, a décima parte (1/10) mais pobre não chega a ocupar 1% das vagas no nível superior. Os 1/10 mais ricos ocupam 54% das vagas nas universidades! A gente não respeita as diferenças e com as desigualdades a gente se conforma!

Na educação básica, segundo o SAEB (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica), 94% dos jovens não apresenta formação adequada, o que coloca o Brasil na 52ª posição entre os 57 países participantes do PISA (Programa Internacional de Avaliação dos Alunos). Como a gente aceita isso!?

"Temos mil razões para viver" indignados e acreditando na mudança.

E ainda tem gente dizendo que se universalizou a educação básica no Brasil… mas aqui a educação mesmo ainda é para poucos: brancos, ricos e urbanos. Não é assim que se constrói um país justo e democrático! Queremos uma educação para todos e não só nas estatísticas, mas também uma educação de qualidade de verdade. Não adianta ter muitos diplomas e pouca formação. Queremos uma educação que nos liberte em vez dessa que nos treina para manter o mundo do jeito que está.

Por que o Brasil tem o oitavo maior PIB (Produto Interno Bruto) do mundo, mas tem essas estatísticas vergonhosas quando o assunto é a educação do seu povo? O lema federal diz "Brasil, um país de todos". Ora, se o Brasil fosse um país da maioria a gente já estaria menos insatisfeito. Aí o slogan bem que podia ser "Brasil, um país do povo".

NOTA: E como sabemos desses números!? Andaram escrevendo aí sobre a gente um tal de Relatório de Desenvolvimento Juvenil. Aliás esse último de 2007 já é o terceiro – em 2003 e 2005 a Rede de Informação Tecnológica Latino Americana (RITLA) e o Instituto Sangari em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia publicaram essa pesquisa também.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Se o mestre não acredita em seu pupilo, quem vai acreditar?


Nessa semana, me chamou a atenção a reportagem “Docente não crê no êxito dos alunos”, publicada no jornal O Estado de S.Paulo, disponível na Internet pelo link
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090713/not_imp401789,0.php.

Vou destacar alguns pontos para que vocês entendam o motivo de a reportagem ter atraído minha atenção.

O primeiro é o fato de os professores não acreditarem que podem segurar seus alunos na escola. Se os professores não acreditam em sua capacidade e que a educação pode levar as pessoas a enxergarem o mundo de uma outra forma, quem vai acreditar?

Paulo Freire, no livro Pedagogia da autonomia destaca que para ser educador/professor é preciso ter respeito aos educandos e aos seus saberes. Aos professores, sabendo que a educação é ideológica e reprodutora da sociedade, precisam utilizar a educação como forma de intervenção social em busca de transformação da realidade em que vivem.

E será que esses professores estão refletindo sobre sua prática. Se os estudantes não permanecerem nas escolas, como eles acreditam, será que os professores têm sua parcela de culpa por não tornar a escola interessante aos seus alunos?

Os alunos, com certeza se sentem desestimulados, já que nem seus professores acreditam que a educação possa levá-los a ascensão sócio-cultural. E, dessa forma, ela realmente não ocorre.

Os alunos da classe trabalhadora, que já são ceifados de diversos de seus direitos e, assim, deixam de ter as mesmas oportunidades que são oferecidas aos da elite dominante, são mais uma vez violados.

Essa é uma das causas e, ao mesmo tempo, consequências da realidade que vivemos, onde a discriminação, o preconceito e a desigualdade impera. Frutos de uma sociedade com valores sociais invertidos. Nesta sociedade, o dinheiro está acima de tudo. E o que podemos fazer para mudar essa realidade?

segunda-feira, 13 de julho de 2009

SEMANA DO ESTUDANTE 2009




A Pastoral da Juventude Estudantil (PJE), em comunhão com a Pastoral da Juventude Rural (PJR), a Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e a Pastoral da Juventude (PJ), tem a alegria de apresentar mais uma vez, desde 2003, a Semana do/a Estudante, a ser realizada entre os dias 10 a 16 de agosto।
Livreto da Semana do Estudante 2009 está disponível para download.

CLIQUE AQUI PARA SER REDIRECIONADO PARA PÁGINA DE DOWNLOAD


Tema: Juventude e Violência
O tema segue a perspectiva da Campanha da Fraternidade 2009 - “Tema: Fraternidade e Segurança Pública/ Lema: A paz é fruto da justiça (Is 32, 17)” -, bem como se insere no contexto das Atividades Permanentes desse ano, com o desafio de denunciar a violência contra a juventude e anunciar uma alternativa inspirada na Boa Nova trazida ao mundo por Jesus Cristo.

Lema: "Juventude em marcha contra a violência"
Essa alternativa à qual ansiamos passa pela movimentação organizada da juventude, embora não se esgote nela. O protagonismo juvenil é um princípio permanente para nós e hoje, mais do que nunca, precisa ser reforçado como condição indispensável à construção de uma sociedade mais justa e fraterna.

Eixos: Sede de Justiça, Construção da Paz e Mobilização

Sede de Justiça
Na medida em que nos deparamos com as mais diversas formas de violência ― e não só aquela explorada pela imprensa comercial ― não podemos perder de vista a capacidade de nos indignarmos, a sensibilidade necessária e a conseqüente sede de justiça. Inspirados pelo Evangelho, não conseguimos ficar calados nem parados diante das injustiças: estamos atentos para não sermos cúmplices de todo tipo de violência que afasta as pessoas entre si e portanto as afasta de Deus, bem como encontramos força para lutar contra o projeto de sociedade que gera violência, atingindo principalmente a juventude. Nossa fome por mudanças aumenta e, à luz da Palavra, cremos que podemos ser saciados.

Construção da Paz
A indignação com a situação de violência contra a juventude precisa ser refletida e convertida em intervenção eficaz na realidade em que estamos inseridos. Se nos sensibilizamos porque passamos pela aflição psicológica, física, social, etc. e/ou porque conseguimos sentir em nós a dor do próximo, importa ir além e AGIR.
Mas nada disso faz sentido se acontece apenas no plano individual. No grupo, na comunidade, isto é, na base, podemos viver a fé porque temos fé na vida. Assim, a sede de justiça ganha corpo no esforço pela construção da paz, porque “a paz é fruto da justiça” ― é um processo totalmente alternativo à “paz do cemitério”. Como escreveu Marcelo Yuca, “Paz sem voz/ Não é paz, é medo...”.

Mobilização
O sentido da coletividade na luta por transformação se articula em escalas mais amplas: tendo em vista um Outro Mundo Possível, a juventude não desanima, mantém viva a esperança e se mobiliza! É nesse contexto que se inserem as nossas bandeiras de luta e é nessa perspectiva que, como jovens, chamamos os demais jovens do Brasil inteiro a se colocarem em marcha contra a violência! Juntos/as temos forças para insistir seguindo na contramão.

Escola é dominada por preconceitos, revela pesquisa

Caros,
Há um mês e meio, participei de um encontro da Pastoral da Juventude Estudantil (PJE) da Capital e Grande São Paulo com um grupo de mais ou menos 30 estudantes.
Na parte da tarde, o professor Marcelo Naves, assessor do Instituto Paulista de Juventude (IPJ), usou o tema da Campanha da Cidadania (Juventude e Criminalização) para fazer o grupo refletir sobre a violência que ocorre diariamente na sociedade e particularmente nas escolas. Marcelo apresentou dados que mostram que o jovem é o maior prejudicado por essa violência e, mais do que isso, que o preconceito social leva os negros e pobres a serem os principais prejudicados.
O texto abaixo, veiculado em jornais do grupo O Estado de S.Paulo, traz informações sobre esse mesmo tema. A versão digital (um pouco reduzida) está no link
http://www.estadao.com.br/geral/not_ger389238,0.htm, mas quem tiver acesso à versão impressa também poderá ver gráficos bastante elucidativos e a outros três textos veiculados no mesmo dia e na mesma página (Homens e religiosos discriminam mais; Estudo foi feito com amostragem populacional; e Aluno com atraso mental é torturado). Se alguém quiser ler e refletir sobre esses outros textos também, basta me pedir.
Além de fazer com que reflitamos sobre a educação, os textos podem ser utilizados para a reflexão da Semana do Estudante.

Abraços,
Paulo Flores (Lobinho)



O ESTADO DE S. PAULO
QUINTA-FEIRA, 18 DE JUNHO DE 2009
Vida&
Página: A19

Sociedade



Escola é dominada por preconceitos, revela pesquisa

Onde há mais hostilidade, desempenho em avaliação
é pior; deficientes e negros são principais vítimas

Simone Iwasso
Fábio Mazzitelli
JORNAL DA TARDE

O preconceito e a discriminação estão fortemente presentes entre estudantes, pais, professores, diretores e funcionários das escolas brasileiras. As que mais sofrem com esse tipo de manifestação são as pessoas com deficiência, principalmente mental, seguidas de negros e pardos. Além disso, pela primeira vez, foi comprovada uma correlação entre atitudes preconceituosas e o desempenho na Prova Brasil, mostrando que as notas são mais baixas onde há maior hostilidade ao corpo docente da escola.
Esses dados fazem parte de um estudo inédito realizado em 501escolascom18.599estudantes, pais e mães, professores e funcionários da rede pública de todos os Estados do País. A principal conclusão foi de que 99,3% dos entrevistados têm algum tipo de preconceito e que mais de 80% gostariam de manter algum nível de distanciamento social de portadores de necessidades especiais, homossexuais, pobres e negros. Do total, 96,5% têm preconceito em relação a pessoas com deficiência e 94,2% na questão racial.
“A pesquisa mostra que o preconceito não é isolado. A sociedade é preconceituosa, logo a escola também será. Esses preconceitos são tão amplos e profundos que quase caracterizam a nossa cultura”, afirma o responsável pela pesquisa, o economista José Afonso Mazzon, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA). Ele fez o levantamento a pedido do Inep e da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, órgãos do Ministério da Educação (MEC).
Segundo Daniel Ximenez, diretor de estudos e acompanhamento da secretaria, os resultados vão embasar projetos que possam combater preconceitos levados para a escola – e que ela não consegue desconstruir, acabando por alimentá-los. “É possível pensarmos em cursos específicos para a equipe escolar. Mas são ações que demoram para ter resultados efetivos.”

BULLYING
A pesquisa mostrou também que pelo menos 10% dos alunos relataram ter conhecimento de situações em que alunos, professores ou funcionários foram humilhados, agredidos ou acusados injustamente apenas por fazer parte de algum grupo social discriminado, ações conhecidas como bullying. A maior parte (19%) foi motivada pelo fato de o aluno ser negro. Em segundo lugar (18,2%) aparecem os pobres e depois a homossexualidade (17,4%). No caso dos professores, o bullying é mais associado ao fato de ser idoso (8,9%). Entre funcionários, o maior fator para ser vítima de algum tipo de violência – verbal ou física – é a pobreza (7,9%).
Nas escolas onde as agressões são mais intensas, o desempenho na Prova Brasil é menor. “É lamentável e preocupante verificar que isso ocorre, mas os dados servem como alerta para que a escola possa refletir e agir para modificar esse cenário”, diz Anna Helena Altenfelder, educadora do Cenpec. “As pessoas não são preconceituosas por natureza. O preconceito é construído nas relações sociais. Isso pode ser modificado.”

Lobinho estreia blog

Caros,
Resisti por muito tempo, mas decidi criar um blog. A intenção é divulgar notícias e opiniões sobre a educação, a juventude e política de um modo geral. Também quero divulgar outros blogs, sites e veículos de comunicação que promovam, ou apoiem a organização popular em busca da libertação do povo oprimido.

Essa será uma tarefa muito difícil e por vezes não terei como dar a devida atenção ao blog pessoalmente. Por isso, contarei com a colaboração de outros companheiros no trabalho de postagens de notícias e opiniões.

Espero que o blog possa ser útil a todos que sonham com um novo mundo. E, sonho que se sonha junto...

Abraços,

Paulo Flores (Lobinho)