Antônio
Justino, Prof. Tonhão, enfim, aposentado. Pelo INSS, por idade, mais de 65
anos, com contagem de tempo de serviço, no caso, mais de 30 anos de pó-de-giz.
Por volta de 3 mínimos.
(Quando
paramos de ler, criticar e escrever, pouco ou nada nos resta)
Foram 15 anos sem salário, desempregado, vivendo da
solidariedade de centenas de companheiros (as). Retribuo com minha gratidão.
Esta aposentadoria legitima a luta frontal com o aparato estatal; primeiro,
enfrentando o demagogo e neoliberal Mário Covas, depois, os tribunais
reacionários de São Paulo e o STF de Brasília. Recorri, sem ilusão, aos dois
aparatos para mostrar aos companheiros (as), ainda inexperientes ou iniciantes
na militância política, que o combate à burguesia não se dá via judiciário. É
sobretudo nas ruas, nos locais de trabalho, de estudo, de moradia, pela base,
construir algo sólido, com suor, algo para desarmar a burguesia de sua
histórica tradição de seduzir e assediar como forma de perpetuar a dominação.
Descarto intervenção parlamentar, expressão do voto dito
democrático, que nada muda. Ou melhor, como sugere o filme de Visconti, o “Leopardo”,
“é preciso que algumas coisas mudem para que tudo continue como está”. O
partido reformista que estava administrando os bens da burguesia se encontra de
bruços, porém isso não quer dizer que não vão insistir nessa farsa do voto,
nessa farsa do estado democrático de direito. Trata-se de asquerosos
oportunistas, tão burgueses quanto o que foi gestado e parido por eles. Será
muito custoso, mas não impossível superar o retrocesso, verdadeiro pântano
político. Para nós a estratégia só pode ser o socialismo, porém a tática e
método de luta devem ter como espelho as ações materiais da juventude de junho
de 2013 ou nas ocupações de escolas de 2015. Ou ocupações de fábricas, resposta
ao desemprego, arrocho, inflação.
A essa juventude dedico esse poema:
“ A
História não dorme / Na quietude/ Das poltronas/ Que refestelam a bunda/ Dos
burocratas e oportunistas de plantão/ Ela é inquieta/ Tem insônia/ Não dorme/
Ela prefere a inquietude das ruas/ Neste momento/ Neste exato momento/ Ela não
dorme/ Ela observa atentamente/ Os estudantes que ocupam as escolas/ Não para
reforma/ Mas para revolução/ Na frontalidade da luta direta/ Esta história
inquieta/ Inquieta o sono/ Dos burgueses que/ Na calada da noite/ Conspiram
contra o sono/ Dos que dormem/ O sono
justo mas não ingênuo/ Dos que constroem/ A verdadeira História.
Estou doando meus livros a quem se interessar, sempre
estudei em escola pública, do antigo primário à Universidade, não é justo
vender quem sempre me acompanhou pela vida afora, quem sempre me fez consciente
diante de um mundo aparente, aos meus livros minha gratidão, confiante e com
certeza de que só haverá mudança pelo conhecimento, não qualquer conhecimento,
mas o conhecimento que nos fortalece cultural e ideologicamente, rumo a uma
sociedade que sintetize pela negação o fim desse capitalismo monopolista, útero
de seres sociais vazios, consumistas e individualistas.
Estou colocando à disposição dos que se interessam por
cinema todo o meu acervo, bastando para isso trazer os DVDs para serem
gravados, na hora. São por volta de 1700 títulos, com a seguinte condição:
1)reproduzir e passar para frente, tal como os livros, que, amontoados em
bibliotecas, pouca utilidade terão, se não estiverem em circulação; 2) para
serem vendidos, somente para organismos revolucionários fazer finanças, ou, e
aí outrora já me incluí., para os desempregados que possam sobreviver,
pirateando e vendendo um produto eficaz para combater o obscurantismo cultural
e alienação. A este acervo muito devo, não só pelas finanças mas pelo que
aprendi com os que curtem e valorizam o cinema como atividade não só cultural,
mas educativa. O cinema que nos faz reconhecer e se autodefender como classe
social para superar a opressão.
Ao movimento sindical dos professores, crítica e reflexão.
Assim como o PT gestou e pariu Temer, a oposição na Apeoesp, ressuscitou, das
cinzas, Bebel e sua camarilha. Das cinzas, pois, ao final da greve de 2000,
Bebel estava, para ser preciso, não queimada, mas inteiramente torrada. Óbvio,
politicamente. Essa oposição é débil, demasiadamente débil, não só pelos
poderes míticos. Comprovação prática, por exemplo, as subsedes da Capital e
Grande São Paulo, mais combativas, para citar somente três, Sul/ Santo Amaro,
Guarulhos e Lapa, que trabalho sindical têm atualmente que as diferenciem das
demais, em particular, as do interior, curral eleitoral de sindicalistas, que
dirigem e digerem a grana para fins eleitoreiros?
Sempre tive companheiros (as), próximos, da Oposição, mas nunca, em momento
algum abri mão das críticas , às vezes amargas e duras, como as que fiz na
última assembleia da greve de 93 dias. Estas críticas sempre tiveram o objetivo
de alertá-los da sedução, do assédio da direção majoritária (acesso a
penduricalhos e outros confortos materiais). No entanto, pouco valeram minhas reflexões.
A oposição se incorporou totalmente à estrutura burocrática e corrupta da
corrente majoritária que dirige a Apeoesp. Virou suco, foi totalmente
absorvida, não tem nenhuma proposta para tirar os professores do marasmo e conjunto
de derrotas que acumularam de 2000 para cá. Costumo ouvir da oposição que os
professores são pelegos e outros desqualificativos. No entanto, como aderir à
greve, tendo de um lado um fascista como Alckmin, com a mesma política do
sindicato de sedução e assédio, expressa nos bônus; de outro, um sindicato ultrapelego,
que em novembro, fará um congresso em Serra Negra, com sedução e assédio,
expressos em três dias de lazer, confortavelmente instalado em hotéis de 3,4 e
5 estrelas? Em vez dessa gastança com
Congresso diversionista, que tal investir esses milhões de reais em fundo de
greve? A saída? Tomar as escolas, pela base, com organização expressa e
espelhada no duro trabalho das
formiguinhas, através dos conselhos de escola. Aos que lutam por autonomia,
esse é um bom caminho. Comprovado na prática, na escola Artigas em Diadema. Um
forte abraço do Companheiro Tonhão. Contato: ajrevoluta@gmail.com