sexta-feira, 17 de julho de 2009

Se o mestre não acredita em seu pupilo, quem vai acreditar?


Nessa semana, me chamou a atenção a reportagem “Docente não crê no êxito dos alunos”, publicada no jornal O Estado de S.Paulo, disponível na Internet pelo link
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090713/not_imp401789,0.php.

Vou destacar alguns pontos para que vocês entendam o motivo de a reportagem ter atraído minha atenção.

O primeiro é o fato de os professores não acreditarem que podem segurar seus alunos na escola. Se os professores não acreditam em sua capacidade e que a educação pode levar as pessoas a enxergarem o mundo de uma outra forma, quem vai acreditar?

Paulo Freire, no livro Pedagogia da autonomia destaca que para ser educador/professor é preciso ter respeito aos educandos e aos seus saberes. Aos professores, sabendo que a educação é ideológica e reprodutora da sociedade, precisam utilizar a educação como forma de intervenção social em busca de transformação da realidade em que vivem.

E será que esses professores estão refletindo sobre sua prática. Se os estudantes não permanecerem nas escolas, como eles acreditam, será que os professores têm sua parcela de culpa por não tornar a escola interessante aos seus alunos?

Os alunos, com certeza se sentem desestimulados, já que nem seus professores acreditam que a educação possa levá-los a ascensão sócio-cultural. E, dessa forma, ela realmente não ocorre.

Os alunos da classe trabalhadora, que já são ceifados de diversos de seus direitos e, assim, deixam de ter as mesmas oportunidades que são oferecidas aos da elite dominante, são mais uma vez violados.

Essa é uma das causas e, ao mesmo tempo, consequências da realidade que vivemos, onde a discriminação, o preconceito e a desigualdade impera. Frutos de uma sociedade com valores sociais invertidos. Nesta sociedade, o dinheiro está acima de tudo. E o que podemos fazer para mudar essa realidade?

2 comentários:

  1. Paulo, a profissão da Docência infelizmente tem virado bico e no Estado de São Paulo virou promíscua por causa de um tal bônus por desempenho. conforme falei em comentário anterior, um professor tinha sugerido para a direção ligar para um aluno evadido (que não vem mais) para oferecer transferência e esse aluno não entrar na estatística dos evadidos e prejudicar o bônus da escola. Veja a que ponto chegaram os professores. Infelizmente Paulo, a Docência tem atraído muito picareta que só quer saber do seu no final do mês e ensinar de forma comprometida e libertadora conforme o Mestre Paulo Freire é utopia.

    Um abraço

    Adilson Ferreira

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  2. Adilson,
    Já era para eu ter dito isso em seu comentário anterior, mas o corre corre do dia a dia me impediu, aliás faria outros comentários desta matéria, mas, pelo mesmo motivo, não consegui. Espero conseguir agora.
    O fato é que admiro muito seu trabalho. Você é um dos professores que me inspiram a continuar lutando pela educação. Sei que você não apenas acredita em seus alunos, como busca fazer o máximo para que eles aprendam e continuem a estudar. Um exemplo é o projeto que você desenvolve com os alunos da escola de Cidade Tiradentes, que foi considerada pela prova do governo do estado como a pior.
    Também acredito que ensinar da forma como o mestre Paulo Freire prega é utopia. Mas, também acredito que é preciso termos uma utopia para direcionar nossa ação. Precisamos ter uma meta, mesmo que alguns a considerem impossível, para que possamos saber qual o rumo devemos tomar, para onde ir. E, lembremos, ele não foi apenas um teórico, mas também agiu da forma como ele prega e conseguiu implantar seus pensamentos. Ou seja, colocou a teoria na prática (práxis).
    Está certo que foi em um outro momento histórico e hoje a realidade pode ser diferente, mas, mesmo assim, acredito que devemos sim tentar ensinar de forma comprometida e libertadora, como o mestre nos ensina. Temos que botar nossa cabeça para funcionar e encontrar formas para colocar a educação comprometida e libertadora em prática.
    Abraço,
    Paulo Flores (Lobinho)

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