quinta-feira, 6 de maio de 2010

Que tipo de leitura indicamos para nossos alunos?

Um texto veiculado pelo Comunique-se* levou-me a escrever esse texto. O título do texto é: “Antropólogo acusa Veja de ‘fabricar’ declaração”.

Sou jornalista, atuo como assessor de imprensa, e não leio mais a “Óia” faz muito tempo. Somente faço isso quando alguma “matéria” cita algum dos meus assessorados. Também não indico a leitura desta revista para ninguém. Quanto mais para pessoas em formação, como os jovens dos grupos que assessoro.

Digo o motivo. A revista é totalmente tendenciosa, mas tenta passar uma imagem de independente. Isso prejudica a forma como ela é lida.

Para deixar mais claro. Quando se lê um texto sabendo que ele “puxa a sardinha” para um lado, sabemos que temos que considerar o fato de que existe a tendência de o veículo de comunicação “puxar a sardinha”. Mas, como a revista não declara sua posição, leitores menos informados podem acreditar piamente no que os textos dizem. Desta forma, a tarefa de incutir sua ideologia é facilitada.

Por isso, mais do que não indicar a leitura, toda vez que alguém me diz que leu um texto sobre qualquer tema na revista “Óia”, explico que a revista não merece tanta credibilidade quanto algumas pessoas ainda dão a ela.

Tudo o que se publica nesta revista deve ser lido com muito cuidado. É preciso ter bastante conhecimento do assunto e buscar sempre outras fontes de informação para contra-balancear a informação oferecida pela revista.

Como, atualmente – infelizmente –, grande parte dos jovens não lê muito e não tem o costume de contrapor as informações que recebem (leem), prefiro não indicar a leitura desta revista para não colocá-los em risco. Risco de ler uma coisa pensando ser realmente aquilo, mas na verdade ser outra coisa.

Acredito que todos aqueles que têm a responsabilidade pela formação de outra pessoa deva tomar esse tipo de cuidado. E digo mais, não é somente a “Óia” que utiliza esse artifício. Precisamos estar muito atentos com o tipo de leitura que indicamos aos nossos alunos.


* Portal que oferece serviços e produtos para jornalistas e empresas de comunicação, além de refletir sobre a atuação da imprensa.

2 comentários:

  1. Paulo, concordo plenamente com seu artigo. Mas infelizmente preciso dizer que nem todos tem esse esclarecimento. Existem diretores de renomadas escolas que usam artigos dessa revista para pautar reuniões pedagógicas e para influenciar seus professores. É dessa revista que eles tiram modelos de sistema educacional e modelos de professores. Triste, não?

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    1. Oi, Lú! Muito bom você ter comentado. Também acho muito triste que ainda existam professores e diretores, seja de escolas renomadas ou não, que indicam a leitura da "Óia" e a utilizam em suas reuniões pedagógicas. Foi justamente por isso que escrevi o texto. Temos que fazer uma verdadeira campanha pela responsabilidade com aquilo que se indica como leitura aos alunos e, mais do que isso, como referência de planejamento pedagógico.

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