quinta-feira, 7 de abril de 2011

Mudanças no currículo do ensino médio: Pior do que está pode ficar

Além da aprovação da Lei do Piso Nacional dos Professores e do anúncio do lançamento do material didático para corrigir falhas no ensino da histórica da África e, consequentemente, de nossa própria história, também me chamou a atenção outras duas notícias veiculadas entre ontem e hoje.


A primeira, veiculada pelo Estadão é com relação ao adiamento pelo CNE da votação sobre as mudanças no currículo do ensino médio. Na verdade, são três textos sobre esse assunto (texto 1; texto 2; texto 3).


O segundo texto, veiculado no Uol Educação, também diz respeito à educação de jovens. Com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2008, informa que
3,4 milhões de brasileiros entre 18 e 24 anos não trabalham nem estudam.


É importante observar que as duas reportagens se complementam. Enquanto uma fala sobre as necessárias mudanças no currículo do ensino médio, inclusive trazendo o dado já conhecido de que cerca de 40% dos jovens que evadem da educação o fazem por não haver nada que lhes interesse na escola, a outra aponta o número de jovens que nem trabalha e nem estuda.


Particularmente, vejo com bons olhos a iniciativa de vincular o currículo a áreas específicas. Desde que seja para trabalhar a interdisciplinaridade e relacionar o conteúdo à vida dos estudantes. Mas, reduzir certos conteúdos para aumentar outros de acordo com o perfil escolhido pela escola, não sei se é o ideal.


Com certeza vai fazer com que, pelo menos no início, os Projetos Políticos Pedagógicos (PPPs) saiam das gavetas e sejam colocados em prática. Mas, questiono a formação de “especialistas”, conforme a opção feita pela escola por determinada área.


O que deve ser feito é definir o perfil exato do ensino médio. O governo, a escola, os professores, os pais e, principalmente, os alunos devem saber pra que serve o ensino médio. Hoje não sabemos se ele serve como passaporte para a universidade, como preparação profissional para o mercado de trabalho, ou se ele é a base de formação para a vida.


Não sei se reduzir o número de aulas de certas matérias e aumentar o de outras é suficiente para fazer com que os milhões de jovens desinteressados pela escola passem a ter interesse por ela repentinamente.


Se não conseguirmos fazer com que eles entendam a utilidade da educação para a vida deles, corremos o risco de privá-los de certos conteúdos que lhes seriam úteis, mas que eles atualmente não vêem sentido em aprendê-los, e acabarmos piorando a educação que eles recebem. “Pior do que está ainda pode ficar”.

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