Trata-se da lógica do capital,
abrindo brechas por meio de institutos e fundações privadas em todas as esferas
de governo, até mesmo no Ministério da Educação (MEC). Quem faz a advertência é
o professor Luiz Carlos de Freitas, diretor da Faculdade de Educação da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A interpretação enviesada dos
resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos, mais conhecido
pela sigla PISA — um sistema que mede o nível educacional de jovens de 15 anos
por meio de provas de leitura, matemática e ciências — tem sido um dos
instrumentos principais empregados por grupos de reformadores empresariais
como “Todos pela Educação” e “Parceiros da Educação” para justificar seus
projetos.
O PISA é realizado pela
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), “herdeira do
Plano Marshall”, nas palavras de Freitas. O Plano Marshall foi um programa
econômico de recuperação dos países europeus devastados pela 2ª Guerra Mundial,
concebido e executado pelos Estados Unidos da América (EUA) a partir de 1947, e
foi fundamental para a hegemonia econômica norte-americana. A OCDE, na época “Organização
para a Cooperação Econômica Europeia”, foi criada para coordenar o Plano
Marshall.
Os resultados obtidos pelo Brasil
no PISA levam esses reformadores empresariais a defender a necessidade de
mudanças profundas no sistema educacional brasileiro. Na visão do professor
Freitas, essa rede de grupos empresariais é bem articulada, envolve desde a
cooptação de profissionais da educação para respaldar suas ações, passando pelo
convencimento da sociedade civil por meio da mídia, até a introdução de seus
representantes em equipes de governos (municipais, estaduais e federal), de
modo a lidar diretamente com a definição de políticas públicas de educação. Na
esteira desse projeto de reforma segue a “indústria da educação”, composta por
empresas que prestam serviços de avaliação da qualidade de ensino, de
consultoria, de gestão (de escolas) e de apostilamento de conteúdo aplicado aos
alunos.
Freitas, contudo, desconstrói o
discurso dos “reformadores empresariais” brasileiros, pois nos Estados Unidos
(EUA), onde as políticas propostas por seus congêneres vigoram há três décadas,
a qualidade de ensino permanece estagnada, e o sistema público foi, segundo ele
avalia, destruído. “Nova Iorque publicou agora a avaliação de 18 mil
professores no jornal da cidade, com nome e tudo. A idéia é desmoralizar o
professor. Fragilizá-lo. Isso é um pacote que inclui também o apostilamento das
redes, que é outra indústria, fortíssima, que fornece apostilas para as redes”.
O desdobramento desse tipo de
visão é que, para seguir apostilas em salas de aula, não há necessidade de
professores muito capazes: “Não entendem o professor como profissional, mas
como um tarefeiro, pode até ser um tutor, nem precisa ser professor. Para isso,
então, se tiver uma pessoa movida a bônus e uma apostila, é o suficiente.
Acredito que estamos vivendo um processo que, se prosseguir, vai destruir o
sistema público de educação brasileiro, como destruiu nos EUA”, avalia o
professor nesta entrevista concedida a Michele da Costa.
Essas políticas estão querendo induzir no Brasil
que nós acreditemos que nota alta em teste é sinônimo de boa educação. E isso é
uma falácia... depende do que se entenda por educação, do que é medido e
de como é medido.
Os EUA não apresentam melhoras significativas
nas avaliações internas que evidenciem uma melhoria na sua educação. Então, de
onde vem a ideia de que se eu importar as soluções americanas (ou chilenas) nós
melhoraremos a situação brasileira?
A lei de responsabilidade educacional americana
oficializa a política dos reformadores empresariais e cria todas as condições
para a privatização. Há um batalhão de consultores envolvidos nas secretarias e
escolas. Tem muita gente ganhando dinheiro.
A gente esperava que no Brasil o MEC, sob o
governo do PT, estivesse atento a esses processos. Mas, em recente troca, o MEC
levou lá para dentro pessoas do “Todos Pela Educação” para ocupar postos
importantes, com a responsabilidade pela formulação da política da educação básica.
Querem copiar para dentro da escola o modelo
empresarial: demitir e admitir professores sem estabilidade, como na CLT.
O ideal para os reformadores empresariais é
poder demitir aqueles que não ensinam segundo os padrões que eles
estabeleceram, independentemente das condições de trabalho. Se há estabilidade,
não podem.
O ranqueamento produz a concorrência, a disputa,
que não é típica da área educacional. O segmento educacional não se comporta
como o empresarial, dos negócios, em que a divisão é entre ganhadores e
perdedores.
Na educação não podemos tratar as pessoas como
ganhadores e perdedores.
Apostilas, SARESP, meio de controle e dominação
para implantação da privatização, se realmente querem avaliar poderiam usar o
ENEM, sem gastos excessivos!
Leia mais no anexo ou no link abaixo, vc tbm pode pesquisar em seu navegador por: “Agenda dos reformadores empresariais pode destruir a educação pública no Brasil"
Leia mais no anexo ou no link abaixo, vc tbm pode pesquisar em seu navegador por: “Agenda dos reformadores empresariais pode destruir a educação pública no Brasil"
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