quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

SP quer dar dinheiro e apoio a empresário que oferece creche

Parece que o assunto é polêmico entre os educadores. Eu, precisaria conhecer melhor o projeto, mas, num primeiro momento, apesar de acreditar que a educação deva ser exclusividade do Estado, acho uma boa para se resolver o mais rápido possível o problema do déficit de vagas. E você, o que acha?

SP quer dar dinheiro e apoio a empresário que oferece creche

A gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) decidiu ajudar a financiar creches de empresas que queiram oferecer o serviço a empregados. O objetivo é diminuir o déficit de vagas para crianças de 0 a 3 anos na capital --a fila é de 94 mil.
Atualmente, o município faz acordos apenas com instituições sem fins lucrativos, cujas vagas ficam à disposição do sistema que distribui os alunos entre as unidades.
O repasse de recursos públicos a empresas é controverso entre os educadores (leia texto abaixo).
Segundo o secretário municipal de Educação, Cesar Callegari, o próprio Haddad pretende procurar pessoalmente os empresários.
O convênio, que incluirá apoio pedagógico e técnico, também irá prever que as empresas terão ajuda da prefeitura para construir a unidade e montar o plano de ensino. Para isso, elas terão de criar uma entidade sem fins lucrativos.
 
CUSTEIO
A ideia é repassar cerca de R$ 5.500 anuais por criança --mesmo valor dos convênios tradicionais. A verba deverá ser majoritariamente proveniente do Fundeb, fundo nacional que financia os alunos na educação básica.
O custo total do programa e o número de participantes ainda não estão definidos.
Segundo o secretário municipal da Educação, deverá haver matrículas já neste ano sob o novo modelo --que ele considera ser inédito no país.
Segundo Callegari, prioritariamente serão procuradas empresas que se mostram com preocupações sociais.
"Elas podem objetivamente ajudar a resolver um problema crônico e grave, que é a sonegação de acesso ao ensino infantil", disse à Folha.
Segundo o secretário, as empresas "podem ser ágeis para criar vagas para filhos dos seus empregados, muitos deles que estão nas nossas filas".
A ideia foi bem recebida pelo Instituto Ethos, entidade que prega a responsabilidade social empresarial.
Segundo o diretor-presidente do instituto, Jorge Abrahão, a ideia é criar um fórum de empresários que auxilie a prefeitura a atingir metas como expansão do ensino infantil, mobilidade urbana e destinação de resíduos sólidos.
A implementação está em discussão. "É do interesse das empresas ajudar a criar uma cidade com ambiente mais favorável para seus negócios."
Haddad tem como promessa de campanha a criação de 150 mil vagas no ensino infantil --o número é maior que a fila atual porque espera-se que a demanda aumente.
Segundo Callegari, cerca de metade dessas vagas será criada via convênios --tradicionais e com empresas.
O novo modelo é necessário, diz o secretário, porque já não há muitas entidades sem fins lucrativos disponíveis. A prefeitura já possui acordo com mais de 700.
A previsão é que o restante da meta seja coberta com a construção de unidades próprias. Haddad herdou contratos assinados da gestão Kassab (PSD) para a construções de 179 unidades.
Uma das alegações da gestão passada para a dificuldade de construir novas creches era a falta de terrenos disponíveis que pudessem ser comprados pela prefeitura. 

Estrutura atenderá público restrito, diz professora da USP

O pedido de auxílio a empresas para a expansão de vagas em creches dividiu educadores consultados ontem pela reportagem.
O prefeito Fernando Haddad (PT) decidiu ajudar a financiar creches de empresas que queiram oferecer o serviço a empregados para tentar diminuir o déficit de vagas para crianças de 0 a 3 anos na capital.
Professora da Faculdade de Educação da USP, Maria Letícia Nascimento questiona o repasse de verbas públicas para manutenção de uma estrutura que atenderá a um grupo restrito (filhos de funcionários de empresas).
"Concordo quando o dinheiro privado ajuda o setor público. Mas sou contra quando ocorre o inverso, que é esse o caso", afirma.
Ela vê também dificuldades na execução do projeto.
"Pode-se criar uma estrutura para um determinado número de crianças. E se parte das mães for demitida, o dinheiro investido será perdido?", diz a pesquisadora.
Segundo ela, o programa seria interessante se ficasse restrito ao apoio técnico às empresas, sem repasses.
Membro do movimento Creche para Todos, Salomão Ximenes afirma ser favorável à ideia. "A prefeitura faz bem em exigir uma maior responsabilidade social das empresas, que é prevista em lei."
Ele se refere à determinação presente na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), de que as empresas devem ter creche ou deem auxílio financeiro às mães.
"Na maioria dos casos, o valor é muito baixo, não é suficiente para pagar uma mensalidade", afirma Ximenes.
Ele, porém, prefere esperar o detalhamento do projeto para se manifestar sobre o repasse de recursos às empresas. "É um ponto polêmico." (FÁBIO TAKAHASHI)

Fonte: Folhade S. Paulo

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário