As prisões ocorreram na noite da última quinta-feira (14) durante um protesto de alunos em frente à diretoria acadêmica
Os 26 alunos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), presos na noite de quinta-feira (14), permanecem detidos na Superintendência da Polícia Federal da Lapa, na zona oeste da capital paulista. Porém, 22 serão encaminhados para o Centro de Detenção Provisória de Pinheiros e responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de dano ao patrimônio público, constrangimento ilegal e formação de quadrilha. As penas somadas podem chegar a oito anos de prisão.
A prisão dos estudantes ocorreu quando quatro viaturas da Força Tática da Polícia Militar (PM) entraram no campus, em Guarulhos, após protesto realizado pelos alunos em frente à sala da diretoria acadêmica. De acordo com o integrante da congregação da Unifesp, Juracir Garcia, o tumulto começou após uma das alunas que protestava ser detida “violentamente” por um policial. “Após a estudante ser detida, eles começaram a disparar tiros de balas de borracha. Depois tentaram sitiar os alunos, porém, muitos conseguiram fugir, mas levaram 26 presos no ônibus municipal de Guarulhos”, conta.
Segundo nota publicada pelo movimento de greve, o diretor acadêmico, Marcos Cézar Freitas, convocou a ação policial porque se sentiu “acuado” pelos estudantes que faziam o ato em frente à reitoria. Outro trecho da nota diz que os estudantes foram levados à Superintendência da Polícia Federal em um ônibus da própria universidade, que foi cedido aos policiais.
Dos 26 alunos detidos, quatro poderão sair ainda hoje, mas não se sabe maiores detalhes por falta de comunicação. “Estamos aguardando porque não estamos conseguindo fazer contato com o pessoal que está preso. Ligamos para diversas pessoas e ninguém atendeu. Certamente eles retiraram os celulares dos alunos”, ressalta Garcia.
Através das redes sociais, está sendo convocado um ato para a próxima segunda-feira (18), às 16h, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) na Avenida Paulista em protesto contra a ação violenta da PM a mando da diretoria da Unifesp.
Histórico
Os alunos do campus de Guarulhos da Unifesp estão em greve há 84 dias. No início de maio, um grupo ocupou a diretoria acadêmica, mas saiu do prédio quando soube da preparação da polícia para cumprir uma ordem judicial de reintegração de posse. Houve nova ocupação no último dia 6 e os estudantes foram retirados por PMs, agentes e delegados da PF.
Os universitários reivindicam a saída do diretor acadêmico e a construção de moradias estudantis e de um novo prédio para a Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Também exigem a retirada de processos abertos contra 48 estudantes que ocuparam a diretoria acadêmica em 2008 durante outra paralisação.
José Francisco Neto
Jornal Brasil de Fato
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