A Folha publicou no
último domingo (8/12) um texto do jornalista Vinícius Torres. Uma amiga me
perguntou: “Como isso saiu na Folha? Ainda mais na coluna desse cara!”
Bom... Não é somente
este texto. Parece que, depois de as últimas pesquisas apontarem crescimento
das intenções de voto em Dilma Rousseff, que firma as possibilidades de vitória
já no primeiro turno, a Folha já se deu conta de que não vai dar para impedir a
vitória do PT nas próximas eleições presidenciais. Será que estão querendo
alguma coisa? Não tenho dúvida.
Mas, voltando ao texto,
ele fala de programas do Governo Federal, como o “Caminho da Escola”, que “daqui do centro rico de São Paulo, o Brasil [...] e
muitas ações do governo parecem invisíveis. Quase ninguém ‘daqui’ dá muita bola
para programas populares dos governos do PT até que o povo miúdo apareça
satisfeito em pesquisas eleitorais.”
Não estou, nem de
perto, defendendo o PT ou seu governo. Apenas observei que o jornalista (e
talvez a Folha) percebeu que “daqui, muitas ações do governo parecem
invisíveis. Ninguém dá muita bola para programas populares do governo. Até que
apareçam as pesquisas eleitorais”.
Mas, tenho certeza
de que, quando sair o resultado das urnas, muitos e muitas “inteligentes” “daqui”
vão chamar nordestinos e todos os outros povos beneficiados pelos “invisíveis” programas
do Governo Federal de “ignorantes”. Será?
Leia o texto da Folha:
Lá no Brasil invisível
Em uma viagem pelo interior mais pobrezinho do Nordeste, este jornalista
deu com uma cena que então parecia meio exótica. Crianças alimentadas, numa
barulheira alegre, lotavam um ônibus escolar amarelo como aqueles de filme
americano, mas estalando de novo.
De onde saíra aquilo? Na lataria, estava escrito: "Programa Caminho
da Escola - Governo Federal". O jornalista confessa com vergonha que até
este ano jamais ouvira falar do "Caminho da Escola". Além do mais,
tende a desconfiar de que alguns desses programas com nomes marqueteiros sejam
ficções, que existam apenas naquelas cerimônias cafonas de anúncios oficiais.
O "Caminho da Escola", porém, financiou quase 26 mil ônibus
desde 2009, em mais de 4.700 cidades. Digamos que os ônibus carreguem 40
crianças cada um (deve ser mais). Dá mais de 1 milhão de crianças. Conhecendo a
falta de dinheiro e as distâncias das escolas nos fundões do país, isso faz uma
diferença enorme.
Daqui do centro rico de São Paulo, o Brasil, esse país longínquo, e
muitas ações do governo parecem invisíveis. Quase ninguém "daqui" dá
muita bola para programas populares dos governos do PT até que o povo miúdo
apareça satisfeito em pesquisas eleitorais.
Juntos, tais programas afetam a vida de dezenas de milhões de pessoas,
tanto faz a qualidade dessas políticas, umas melhores, outras nem tanto, embora
nenhuma delas seja nem de longe tão ruim quanto a política econômica.
Quem "daqui" conhece o Programa Crescer (Programa Nacional de
Microcrédito)? Existia desde 2005, foi reformado por Dilma Rousseff em 2011,
quando passou a contar com crédito direcionado e juro baixo, ora negativo (5%,
abaixo da inflação).
O Crescer já financiou o negociozinho de 3,5 milhões de pessoas, um
terço delas recipientes de Bolsa Família. Tem uma versão rural, mais antiga,
mas vitaminada nos governos do PT, o Pronaf, que ofereceu crédito a juro real
ainda mais baixo a 2,2 milhões de agricultores pequenos na safra 2012/13.
O Pronatec já é mais falado, mas pouco conhecido (até mesmo pelo
governo, que só agora começou a fazer uma avaliação de resultados). Irmão mais
novo e em geral grátis do universitário Prouni, trata-se de um conjunto
variadíssimo de ações que procura oferecer cursos profissionalizantes e
técnicos (ensino médio).
Desde sua criação, foram mais de 5 milhões de matrículas (há evidências
esparsas de grande evasão, de uns 20%, mas ainda falta estatística séria). A
maioria das vagas é reservada para os mais deserdados dos brasileiros.
Reportagem desta Folha mostrou que os 13 mil médicos do Mais Médicos
devem estar ao alcance de cerca de 46 milhões de pessoas no ano que vem. Não é
uma política ampla de saúde, está claro. Mas, outra vez, vai resolver muito
problema de muita gente deserdada desta terra.
O Minha Casa, Minha Vida já entregou 1,32 milhão de casas; tem mais 1,6
milhão contratadas. Beneficia 4,6 milhões de pessoas.
Junte-se a isso tudo as já manjadas transferências sociais, em dinheiro,
crescentes em valor e cobertura. É muita gente "de lá" beneficiada.
Goste-se ou não do conjunto da obra, o efeito social e político é enorme.
A gente "daqui" precisa visitar mais o Brasil.
Fonte: Folhade S. Paulo
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