Por: Nelio
Bizzo
O desempenho dos estudantes brasileiros
nas áreas científicas seguramente não é bom, ainda que não haja elementos
concretos de sua evolução na última década.
Isso se deve à decisão de excluir essa
área das provas do Saeb (avaliação federal) há 13 anos, quando o país aderiu ao
Pisa, um programa internacional de avaliação.
Se por um lado não há dados concretos,
a acentuada falta de professores em disciplinas científicas e a alta evasão nos
cursos de licenciatura, ao lado dos dados do Pisa, são evidências claras de que
a situação se agrava.
Pesquisas de abrangência nacional
realizadas por nosso núcleo na USP indicam que os jovens do ensino médio das
regiões mais desenvolvidas economicamente tendem a evitar as carreiras
científicas, o que ocorre em outros países.
Isso sugere que o apagão de mão de obra
qualificada tende a se acentuar nas próximas décadas, o que traria efeitos
perversos no desenvolvimento do país. Programa específico para a área é mais do
que necessário, antes que seja tarde.
A estratégia de abrir diversas frentes
de atuação, no ensino médio, na universidade e na formação dos professores em
exercício, é boa, mas não pode deixar de enfrentar a tendência que temos
constatado no ensino médio, mencionada acima, que desvia os jovens das
carreiras relacionadas a ciência e tecnologia.
A criação de mestrados
profissionalizantes para professores é necessária, e já está em curso, mas pode
agravar a já confusa normatização da certificação profissional do magistério no
país.
Por exemplo, se professores de matemática
das redes de ensino obtiverem um diploma de mestrado profissional em ensino de
física, a evasão dessa licenciatura pode se acentuar, pois tornará ainda menor
o mercado de trabalho dos professores apenas com a licenciatura em física.
Além disso, a vinculação da
certificação dos professores ao desempenho de seus alunos é problemática e pode
desestimular a adesão em todas as áreas.
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Nelio Bizzo é
coordenador científico do Núcleo de Pesquisa em Educação, Divulgação e
Epistemologia da Evolução da USP
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Fonte: Folha de S. Paulo
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