quinta-feira, 15 de março de 2012

A consciência de uma profissional da educação

O texto abaixo foi publicado por uma professora apaixonada por sua profissão, que dá o melhor de si em sala de aula, mas que não se omite da luta consciente por seus direitos e pela educação. É de dar orgulho ao mestre Paulo Freire.



By Karina dos Santos Cabral

Eu sou professora. Escolhi ser. Amo o que faço. E hoje devia estar junto dos meu...s alunos, batalhando pra dar uma educação de qualidade pra eles, trabalhando como faço todos os dias. No entanto, como tantos colegas em todo o Brasil, hoje não fui para a escola. Estamos parando em protesto e estaremos em manifestação pública, brigando não só por salários melhores, mas também pela valorização da educação brasileira. Porque é um absurdo um país se achar rico tendo crianças que saem analfabetas funcionais depois de 9 anos na escola. É absurdo quem tem seus filhos em escolas particulares não entender que ninguém - ninguém - terá sucesso se a escola pública estiver sucateada como está. É absurdo eu ter 35 crianças de 4 anos em uma sala, e ter que ser professora deles, sozinha, todos os dias. Absurdo eu ser tratada como uma coitada, humilhada por ter escolhido essa profissão. É absurdo ter que ouvir na televisão que dobraram meu salário quando tantas pessoas como eu, pós graduadas e em eterna formação, ganham menos que qualquer outro profissional formado em outra área. Absurdo também eu não ter direito a faltar nem mesmo para ir ao enterro de um parente, ou para ficar doente, se quiser gahar uma esmola de gratificação no final do ano. Absurdo eu ter que pagar pra ir trabalhar por não ter auxílio transporte e alimentação decentes. Absurdo que eu tenha que assumir uma carga horária de 12 horas, muitas vezes trabalhando em três turnos, para conseguir pagar minhas contas no fim do mês depois de tantos anos de estudo e dedicação. Absurdo que os políticos adorem falar em educação nas eleições e não fazem NADA para mudar esse quadro depois que assumem seus cargos. Absurdo que tantas crianças sem aula hoje, e às vezes durante meses, como vimos acontecer em vários estados no ano passado, seja um fato que não choque a sociedade e a faça se mobilizar para mudar esse quadro. Absurdo um profissional como o professor ser humilhado, desconsiderado, violentado, chacoteado, atacado e roubado no exercício de sua função. Absurdo as famílias delegarem aos educadores toda a educação de seus filhos, se eximindo da responsabilidade que têm. Por isso tudo e muito mais estamos parando. Sou sonhadora, sim, e dou o melhor de mim todos os dias na escola; mas também sou uma operária consciente de meus direitos e que não se retira da luta!

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