terça-feira, 6 de março de 2012

Novamente a falta de vagas nas creches

O texto abaixo foi publicado ontem (5/3) no jornal O Estado de S. Paulo. É interessante notar uma contradição no resultado da pesquisa. Ao mesmo tempo em que quase metade dos entrevistados reconhecem que a creche é “importante para a criança, uma vez que é o primeiro contato com a escola, o que pode ter grande impacto na sua educação no futuro”, apenas 26% dos entrevistados entendem que as crianças devem frequentar uma instituição de ensino antes dos quatro anos de idade. Ora, as creches devem atender crianças com menos de quatro anos de idade, uma vez que, aos quatro anos, elas devem ser matriculadas na pré-escola (educação infantil).

Outro ponto ainda a ser observado é com relação à obrigação do serviço de creche. Diz o texto: “A maioria dos entrevistados pensa que são as prefeituras– como diz a Lei – que devem cuidar do atendimento”.

No entanto, ao final, o texto utiliza a fala de uma entrevistada para criticar, pasmem, o Governo Federal. “‘O Brasil é a sexta economia do mundo e ainda não deu conta de uma questão fundamental como essa. Nosso déficit é de 12 mil creches’, afirma ela, citando a proposta do governo federal de construir 6.427 creches até 2014.

Em janeiro, a reportagem do Estado mostrou que a promessa de campanha da presidente Dilma Rousseff está atrasada, já que em 2011 nenhuma unidade foi entregue.”

Em nenhum momento o texto cita que, durante a campanha eleitoral de 2010, o prefeito Pinóquio Kassab prometeu zerar o déficit de vagas em creches. Os próprios entrevistados sabem que “como diz a Lei”, a responsabilidade por zerar as vagas em creches é da prefeitura.


Família e Estado devem zelar por creches, diz pesquisa

Estudo, do Instituto Patrícia Galvão e da Ipsos, revela que maioria vê impacto na formação da criança

Mariana Mandelli

O cuidado com a educação infantil deve ser uma corresponsabilidade do Estado e das famílias. É essa a percepção de uma pesquisa com mil entrevistas domiciliares em 70 municípios de todas as regiões do Brasil. O mapeamento incluiu todas as capitais do País.

De acordo com os dados, 42% das pessoas ouvidas consideram que o cuidado das crianças é dever do Estado e 47% acham que se trata de uma missão da mãe e da família. A maioria dos entrevistados pensa que são as prefeituras– como diz a Lei – que devem cuidar do atendimento.

O estudo foi realizado pelo Instituto Patrícia Galvão em parceria com a Ipsos, entre janeiro e fevereiro. O objetivo dos órgãos era avaliar como a população brasileira percebe a importância e a qualidade do serviço de creche.

“É curioso perceber como a percepção do nível do serviço muda por região. No Norte e Centro-Oeste, ela é bem negativa”, afirma Paulo Cidade, diretor administrativo da Ipsos.

A ideia de que a creche é importante para o desenvolvimento da criança, como uma das primeiras etapas da educação básica, é de quase metade da população, de acordo com o estudo.

Cerca de 49% dos entrevistados na pesquisa afirmam que a creche é mais importante para a criança, uma vez que é o primeiro contato com a escola, o que pode ter grande impacto na sua educação no futuro.

Segundo Paulo Cidade, isso mostra que a sociedade está percebendo esse serviço mais como uma oportunidade de socialização da criança do que uma ferramenta de assistência social.

Mas ele destaca um fator preocupante. A pesquisa mostrou que apenas 26% das pessoas entendem que a criança deve frequentar uma instituição de ensino antes dos 4 anos de idade.

Hoje, com a Emenda Constitucional nº 59, a matrícula é obrigatória e gratuita no Brasil dos 4 aos 17 anos de idade. As redes têm até 2016 para se adaptar. “Poucos ainda têm noção da idade certa para começar a estudar”, afirma Cidade.

Jacira Melo, diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão, afirma que a quantidade de crianças sem vagas configura um quadro grave.

“O Brasil é a sexta economia do mundo e ainda não deu conta de uma questão fundamental como essa. Nosso déficit é de 12 mil creches”, afirma ela, citando a proposta do governo federal de construir 6.427 creches até 2014.

Em janeiro, a reportagem do Estado mostrou que a promessa de campanha da presidente Dilma Rousseff está atrasada, já que em 2011 nenhuma unidade foi entregue.

Fatores. O estudo também destaca que, entre as mulheres economicamente ativas das classes A e B, o horário de funcionamento da creche é o fator mais importante – 31% delas pensam assim.

Já para essa mesma fatia de mulheres, mas da classe C (34%delas),o que mais importa é o número de vagas disponíveis nos estabelecimentos.

Entre as classes D e E, o que é considerado essencial (40%) , assim como para a classe C, é o total de vagas.

É a própria classe C, identificada como a principal classe usuária desse serviço, a que responsabiliza mais as prefeituras do que a família pelo atendimento às crianças.

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