quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Os Conselhos de Classe no Final do Ano

Os Conselhos de Classe no Final do Ano
Inicia-se o mês de dezembro e concomitantemente os Conselhos de Classe nas escolas públicas começam com aquelas tradicionais discussões, às vezes, acaloradas sobre os resultados finais obtidos pelos alunos no final do ano letivo.Eu, particularmente, este ano leciono para o ensino fundamental na disciplina de Língua Estrangeira Moderna (LEM) e Língua Portuguesa à noite em uma Escola Pública Estadual na cidade de Mauá, na região da Grande São Paulo.Nos Conselhos das salas de aula do Ensino Fundamental a frase que será mais dita é "Aprovado pela Progressão Continuada". Muitos professores ficam nervosos com a frase, mas penso que a cobrança tem que ser feita ao Poder Público que não está oferecendo as condições necessárias para que os Projetos de Recuperação Paralela e/ ou Reforço Escolar sejam efetivados de forma plena para esses alunos que estão progredindo nos anos escolares com ampla defasagem escolar.No que se refere ao Ensino Médio, os problemas continuam principalmente com os critérios pelos quais os alunos devam ou não serem aprovados. Segundo recomendação da Diretoria de Ensino de Mauá passada pela direção da Unidade Escolar, na qual leciono pelo último ano é a seguinte: se o aluno recebe nota abaixo de 5 nos três primeiros bimestres e no último bimestre consegue obter uma nota 5, pela última nota esse aluno deve ser aprovado no 5º conceito. Por outro lado, se o aluno tem nota acima de 5 nos três primeiros bimestres e no último tira uma abaixo de 5 também será aprovado.Todas essas determinações do Poder Público por meio de suas Diretorias de Ensino e mais relatórios que os Professores têm que fazer para cada aluno retido, de alguma forma tem desencorajado os Professores a reter algum aluno.Em uma análise crítica sobre o meu próprio trabalho relatei à minha vice-diretora que em algumas vezes estou avaliando o aluno por aquilo que ele faz e não por aquilo que ele tenha aprendido de fato. Essa postura é um descompasso com avaliações externas como SARESP , PROVA BRASIL e ENEM que avaliam o aprendizado do aluno.E de forma preocupante tenho observado que a maioria dos alunos fecharam com notas abaixo de 5 em Língua Portuguesa, ou seja, na disciplina em que leciono. Entretanto, em um universo de 20 alunos com defasagem escolar, o que me foi passado é que eu poderia apenas indicar apenas 5 alunos para recuperação paralela por sala.Mediante os aspectos mencionados acima, percebo que a qualidade da educação e do aprendizado do aluno é algo protocolar nas discussões midiáticas e políticas nos programas de governo das pessoas que querem assumir cargos públicos.O Poder Público, em tese, cria todos os mecanismos para que os alunos progridam sem muitas exigências durante o ano e observo que alguns poucos alunos com potencial na escola pública estão saindo rumo a instituições particulares emergentes, em busca de um melhor preparo para o competitivo mercado de trabalho, ENEM e Vestibulares. Uma dura realidade que não vejo uma saída a curto ou médio prazo.Assim, os Conselhos de Classe nesse final de ano são desgastante para os Professores, pois o aprendizado é pouco citado e a maior preocupação é: precisamos estar amparados legalmente para reter algum aluno. Outro paradigma imposto pelas Diretorias de Ensino por meio das Supervisões de Escola é a seguinte pergunta: o que o Professor fez de diferente para resgatar esse aluno? Esta é a cruz a ser carregada pelos Professores da rede pública Estadual Paulista.
Adilson Ferreira

Um comentário:

  1. Na época em que estava na Rede Pública Estadual era um martírio passar por estes Conselhos de Classe, tanto no final como ao longo do ano. Onde fica a relação ensino-aprendizagem que deveria ser priorizada no espaça escolar? Onde fica a satisfação do professor em realizar de maneira adequada seu trabalho?
    Como você mesmo analisou, não vejo solução para estes problemas a curto ou médio prazo, e será necessário um grande empenho de toda a sociedade para uma solução a longo prazo.

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