Ontem o Estadão publicou uma reportagem na qual divulga que 151 municípios brasileiros reprovam 20% ou mais das crianças no 1º ano. A informação tem como base um mapeamento realizado por um economista, com base nos dados do Censo Escolar 2010, do MEC.
Ocupa quase uma página inteira do jornal, com infográficos e uma retranca informando que uma cidade criou o ciclo para conter a repetência. Devido sua extensão, não vou postá-la aqui. Segue apenas o link para a publicação, tanto para a versão impressa quanto digital.
Minha primeira observação é com relação à formação do pesquisador que realizou o levantamento: Economia. Não vou dizer que esse é o caso, pois não tive acesso aos resultados do levantamento em si, mas muitas vezes a pesquisa pode ter um viés gerado pela ótica do pesquisador. Por exemplo, para um economista, pode ser mais importante falar sobre os prejuízos ao erário público causado pelas repetências do que sobre as questões pedagógicas relacionadas ao fato.
Outra observação é com relação à política de “aprovação automática” aplicada no estado de São Paulo. Dias atrás pudemos ler neste blog um relato do professor Adilson Ferreira sobre os “conselhos de classe”. Neste relato pudemos ver, na prática, com essa política funciona.
Ninguém está aqui defendendo a retenção das crianças no primeiro ano do ensino fundamental (antiga 1ª série), mas também não podemos defender a aprovação apenas para que as estatísticas sejam melhores, tampouco para que haja economias de recursos públicos. Também neste blog, já pudemos ler um texto sobre a diferença entre progressão continuada e aprovação automática. É preciso que haja condições pedagógicas para que a criança progrida em seus conhecimentos, ou, usando um termo mais técnico, tenha desenvolvimento cognitivo.
Por fim, menciono aqui a desculpa, quer dizer, a justificativa dada por prefeitos para os altos índices de reprovação: a evasão escolar. Claro que há evasão, mas eles não mencionam o motivo pelo qual ela acontece: escolas sem infraestrutura, currículo e distribuição de aulas durante o ano letivo sem que desconsideram especificidades da vida dos alunos... Mas, o que pode ser o mais grave, são as denúncias de que escolas “matriculam” alunos “fictícios” apenas para receber mais verbas do governo e depois, no final do ano, as transfere para outras escolas ou, simplesmente, dizem que ocorreu a evasão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário