Fiz essa carta no início da faculdade. Estava indignado, sem saber muito o que fazer, então tirei muitas cópias e colei em várias portas, corredores do 4º andar da UERJ, ...
Mais tarde caiu a ficha: não bastam ações individuais, isoladas e tal para resolver.
Certamente não tenho a mesma cabeça desde que escrevi esse texto, 2007, mas continuo pensando o seguinte: as condições de trabalho são ruins, o salário é baixo, etc. Mas a solução não é "ir levando, empurrando com a barriga", ... É organizar a categoria e fazer LUTA! O curioso é que, às vezes, aqueles que reclamam e enrolam, quando tem proposta de reivindicação, denúncia, greve, etc., ficam em casa ou então... furam greve pra assinar o ponto e fazer qualquer coisa na sala de aula! Estado fingindo que dá condições e paga, profissional fingindo que trabalha e alunos fingindo que estudam... conveniente para todos os acomodados.
Mas em breve serão os INCOMODADOS que vão predominar!
Além disso, a educação reflete as condições gerais da sociedade, não poderia mesmo ser uma ilha de hamronia nesse mundo... o capitalismo já "deu o seu melhor", não adianta esperar mais dele, corrigir aqui, reformar ali, etc. Só com ruptura, mudança radical, transformações profundas... revolução.
Estimados e ilustres professores que não são muito chegados a essa história de dar aulas, Saudação de Paz e Bem!
A presente carta expressa a aflição de um estudante do Departamento de Geografia da UERJ há algum tempo fascinado pela carreira do Magistério, não obstante todo o descaso possível em nossa sociedade para com a categoria dos "mestres".
Eu só queria entender: como alguém que escolheu abraçar a missão de educar pode detestar, evitar as aulas ou mesmo ministrá-las com inigualável má vontade? Ou será que o compromisso com a educação é um mero detalhe face às atribuições de um pesquisador? Por favor, me entendam: minha intenção não é emitir um discurso carregado de proselitismo, mas apenas pôr em evidência a seguinte questão: quais são as nossas concepções de Universidade Pública e de Professor!?
Corro o risco de estar extrapolando ou sendo inoportuno, mas mesmo assim conto com a compreensão de todos para com essa minha enorme aflição. Que exemplo os professores que detestam aulas têm para nos dar? Ou, se não se preocupam com isso, façam a gentileza de expor as razões.
Será muita exigência querer que nossos mestres sejam comprometidos com a grande responsabilidade que têm na formação não só de profissionais, mas de cidadãos críticos e participativos a serviço "das causas da humanidade", como li outro dia desses no juramento escrito no convite de formatura de meus colegas?
Estou ciente de que nem todos os nossos professores poderão se sentir sensibilizados a respeito do papel da educação diante da necessidade de transformação social. Sei também que nem todos assumem a responsabilidade da posição de formador de opinião, de agente de promoção da liberdade, enfim, de formador, educador. Contudo, eu não suportaria tudo isso sem me manifestar em vista do imperativo de cobrar coerência daqueles que se propõem professores, universitários ou não.
Não venho cobrar ideologias, porque isso fica a cargo de cada um, mas posso cobrar ética. Meu clamor não é, como não poderia ser, para que os professores que detestam aulas adotem uma ou outra corrente pedagógica, tampouco para que trabalhem de acordo com determinada linha política.
Reivindico sim, que os mesmo reflitam sobre sua prática e suas conseqüências para o povo fluminense e brasileiro e que ao menos deixem de faltar a tantas aulas, de terem tão pouca dedicação no preparo e tão pouca preocupação com a qualidade das mesmas.
Com carinho,
Caio Andrade
Caio,
ResponderExcluirRealmente, é muito ruim ter professores que dão aula sem vontade. Às vezes é pior do que se ele faltasse.
Mas, em um momento de mobilização da categoria para uma greve, uma luta, como você diz em seu texto, acredito que seu texto possa soar como um protesto à greve. Acredito que não tenha sido essa a sua intenção.
Apesar de que sabemos que qualquer paralização prejudica o ano letivo, mas sou prova de que houve diversas tentativas de negociação com os governos estaduais e municipais sobre o cumprimento da Lei do Piso, que se mostraram infrutíferas. Aqui em São Paulo, o (des)governo do Chuchu Alckmin está querendo incluir o tempo entre-aulas como sendo o 1/3 de tempo extra-aula. É uma pouca vergonha. Vale à pena ler o texto "A Correta Jornada do/a Professor/a: questão Educacional, Moral e Legal", postada aqui no blog pelo professor Marcelo Naves.
Lobinho, não entendi porque soaria como protesto à greve. No texto está bem claro: "a solução não é 'ir levando, empurrando com a barriga', ... É organizar a categoria e fazer LUTA". Estou criticando os que ficam enrolando em vez de parar de vez e de forma organizada, isto é, apoiando a GREVE. Quanto à carta, é de 2007...
ExcluirLegal! Muito bom Caio Andrade. É apenas para deixar claro. O título "Carta aberta aos professores que detestam dar aulas" pode dar uma impressão errada. Mas, no texto está mais claro.
ExcluirCaio! Em muitos momentos de seus discurso, vi flashes de situações semelhentes as quais vivi qdo era graduanda e logo depois de me formar.(Comodidade, ou discusos prontos e moldados por bons argumentos.) Se de um lado temos professores acomodados e mal formados, de outros temos " ratos de biblioteca que roem as folhas se alimentando conhecimento teórico, e ponto.
ResponderExcluirMariana e Caio,
ResponderExcluirÉ muito bom ver neste blog professores debatendo questões da educação e de seu cotidiano de trabalho. Isso pode acrescentar, e muito, para a reflexão dos demais leitores deste blog, formado, em grande parte, por profissionais da educação. Muito obrigado por nos proporcionar esse debate.