sábado, 11 de fevereiro de 2012

A voz da professora

Van Ramos

No último 10/fev, foi feita a atribuição de aulas em diversas disciplinas das categorias F e O, na Escola Estadual Senador Filinto Muller, em Diadema - SP. Os/as professores presentes sentiram falta de transparência, recepção digna e direito à participação e sugestões.

Na ocasião, a professora Mariana Mendes, que leciona no local, desabafou as condições nas quais os professores foram acolhidos. Esse fato, ainda que possa parecer pequeno “mostra só uma minúscula ponta de um verdadeiro iceberg”, diz Mendes.


De fatos como esse “muitas vezes nos calamos por dezenas de razões e circunstâncias, uma delas é a falta de esperança de que uma efetiva mudança ocorrerá (na educação)”, fala.

“A Educação Básica pública do país, não diferente no estado de SP, degringola a cada dia. Como construir criticidade,
reflexão e participação (da sociedade)?”, questiona.

Para ela, “o Estado investe pouco, o que é investido é mal administrado. Faltam professores, faltam bons profissionais, falta remuneração digna, condições mais humanas para um real aprendizado, falta vontade. O pior de tudo é se sentir sozinho e no meio de tantos, não saber em quem apostar”, diz Mendes.


Em desabafo, questiona para que exatamente o Estado e o Sindicato se colocam na educação. “Onde fica a educação de qualidade, com profissionais regularmente bem remunerados?”, pergunta.



Abaixo, confira na íntegra o relato feito por Mariana Mendes, sobre a atribuição de aulas na Escola Estadual Senador Filinto Muller.

PROFESSORES ESPERAM POR MAIS DE 4 HORAS PARA TEREM AULAS ATRIBUÍDAS

Texto e fotos - Mariana Mendes

Sob um sol escaldante, mais de 130 professores ocupavam uma área menor que a de uma quadra esportiva escolar. Segundo a diretora, senhora Clélia Salles, a mesma não poderia liberar o pátio para os professores se acomodarem melhor, pois os alunos estavam em aula e as aulas não poderiam ser suspensas para se fazer a atribuição por determinação da Secretária de Educação de SP. Com o calor, alguns professores passaram mal e foram retirados do local, outros sem cadeiras disponíveis, sentavam-se no chão. 

 Além da falta de transparência quanto à classificação dos professores (critério de pontuação e tempo de serviço), a divulgação para o preenchimento das aulas remanescentes foi feita precariamente. Segundo alguns presentes, a diretora da unidade escolar não autorizou a utilização do aparelho Data-show pela Apeosp, a fim de possibilitar o acompanhamento no painel, da sequência dos inscritos. 



Os membros na Diretoria de Ensino e seus auxiliares que faziam as atribuições, também não dispuseram de alternativas para facilitar a transparência do processo. A desorganização deixou professores frustrados, muitos (professores/as) não sabiam ao certo qual era a sua classificação ou em até qual número haviam chamado.

Por fim, com mais de 4 horas de espera e sem muitas expectativas, muitos foram embora.

12 comentários:

  1. Excelente Vanessa! É isso aí! Temos que dar voz aos professores e professoras. Parabéns!

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  2. Acho um absurdo o que estão fazendo com os professores que instruem nosssos filhos, isso é uma vergonha. e são obrigados aguardar por horas as vezes até sentados no chão por atribuição de aulas. Que país e esse que tratam nossos mestres com tanto descaso

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    1. Concordo plenamente. É uma vergonha a falta de respeito com que os professores são tratados. E vem o Governo do Estado dizer que a educação é compromisso. Um absurdo.

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  3. Que bom que tem pessoas como vc botando a boca no trombone, Mariana. Essa desvalorização é estratégica, o Estado quer professor@s desmotivad@s, desvalorizad@s, desiludid@s e, de preferência, partindo pra iniciativa privada.

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  4. Isso mesmo, com essas ações de desvalorização Natasha - e tantas outras - a categoria e a luta ficam fragilizadas. São diversos os instrumentos que grupos elitistas e mantenedores do sistema capitalista utilizam. Como por exemplo a mídia de massas, através dos grandes grupos familiares que comandam, desviam ou deturpam os debates sobre educação e as vozes dos professores/as.

    Gosto muito do trecho do livro "O espaço do cidadão", do geógrafo Milton Santos (in memoriam) que diz que "a reivindicação de uns não raro representa um agravo para o outro. A força da alienação vem dessa fragilidade dos indivíduos, quando apenas conseguem identificar o que os separa e não o que os une". p.30

    Por isso, é importante estamos unidas nessa indignação, para que pensemos juntas ações. A internet também é um espaço para isso!

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  5. Em São Bernardo do Campo, vivenciamos algo do gênero, estávamos todos em um anfiteatro abafado, com 1 ou 2 ventiladores, apenas. Por volta de meio dia, a pessoa que estava chamando os candidatos, simplesmente abandonou o posto para almoçar e nem sequer nos deu uma simples satisfação. Até que alguns poucos colegas se manifestaram. Somente a partir daí, que a coordenadora da APEOESP e anunciou, no "gogó", (pois o Sr que nos chamava, saiu para o almoço e levou consigo o microfone), que eles estavam fazendo uma troca para o almoço. Porém, depois de mais de 1 hora, voltaram praticamente os mesmos que já estavam no comando!!! (que troca foi feita, se pararam de chamar???)
    Cheguei, lá, às 8h00 e saí às 16h00,quando anunciaram que não havia mais aulas para a minha disciplina: Língua Portuguesa. Pelo que constato no relato da Professora,Mariana Mendes, somos levados a crer que a categoria "O" tem sido tratada como o resto dos restos... ALGO tem que ser feito!!! Cadê nosso SINDICATO, que não combate esse e demais ataques que nos foram lançados, junto à mídia vendida? Por que ele não rebate e desmente a visão distorcida que a mídia veicula em relação à nossa classe? Onde tem sido aplicado a grana que pagamos ao sindicato? Ela não poderia ser destinada à propagandas e informativos voltados para a população sobre a nossa real situação???????? Pois, não temos apoio de ninguém, muito menos da sociedade que nos vê como o "DEMO"nos pinta!!!!

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    1. Legal, Ilza! Coloque a boca no trobone. ESte espaço é para isso mesmo. Alguám mais quer comentar? Esse espaço também é seu.

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  6. Oi Ma, só tenho que concordar em termos de indignação quanto ao que vi e como fomos tratados. Uma exposição de quem passou e quem não passou nas provas, que na hora só por não termos acesso à classificação (listagens), já ficamos confusos, quanto a finalidade dessas. Professores passando mal devido ao calor e à falta de arejamento do local. Realmente quando vemos uma desorganização como aquela, entendemos um pouco a não solução pra muitas coisas com relação a educação em muitos itens. Mas fica aqui nosso registro de indignação e ao mesmo tempo de esperança, que essa surja algum efeito positivo a nosso favor, à nossa voz. Até...

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  7. Andréa, o Blog Prioridade Educação está aberto para dar voz aos professores/as.

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Outro espaço bem importante para participar dos debates vocês encontram no site Vozes da Educação, http://vozesdaeducacao.org.br

      O portal tem como prioridade dar voz aos docentes e fortalecer através de uma Rede a valorização dos/das docentes na América Latina!

      Acessem! Vocês podem se cadastrar, participar dos debates com professores de outros estados brasileiros e de outros países latino-americanos. E também receber a cada 15 dias o Boletim com informações, análises etc.

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  8. Lembrei-me de uma passagem que Bauman _a meu ver um dos maiores sociólogos contemporâneos_ que dizia, o individuo combate o cidadão, porque enquanto o individuo busca satisfazer seus insaciavéis desejos e vontades, o cidadão age para o bem estar da sua comunidade, do seu bairro, cidade, país ... No contexto em que vivemos (já dizia Bauman a tal da Modernidade Líquida)... uma vez que somos seduzidos constantemente pelo capital, não é dificil saber quem ganha essa parada.

    Buscamos saídas individuais para alcançar objetivos de interesses coletivos, estamos fragmentados, dispersos e a mídia de massa não nos dá ouvidos... No entanto,se entrarmos no site da Secretária de Educação do Estado de SP, verá os noticiários como se tudo estivesse ocorrendo em perfeito funcionamento_ uma farsa erguida por sólidos pilares do poder.
    Como promover a discussão de valores, cidadania, DHs em todas suas vertentes se a Escola (governo) e sociedade não está preocupada em formar serem pensantes, questionadores e participativos? Os fatos estão aí para serem vistos e os relatos engrossam o debate.
    Além dos e-mails que postei para amigos e colegas, tentei contato com o jornal Diário do Grande ABC na seção sete cidades, cujo Wilson Moço é resposável.. não obtive nenhum retorno, acompanhei as publicações online do jornal, não saiu um nota se quer.

    Mariana Mendes

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