Os textos abaixo
foram publicados pelo professor Raimundo Justino no grupo Faces da Escola, do
Facebook.
Além da
preocupação com a educação, os dois têm em comum a palavra silêncio. Mas, em
duas situações e com personagens distintos.
No primeiro
texto, ele fala sobre a busca incessante de todo professor pelo silêncio dos
alunos na hora em que busca dar alguma explicação. No segundo, fala sobre a
busca pelo silêncio por uma aluna que queria entender o que o professor
explicava, mas não conseguia devido à bagunça dos seus colegas. Mas, de todos
os silêncios, o que mais me incomodou foi o dos professores, que se negaram a
incentivar a aluna que foi à luta em busca de silêncio. Lembrou-me o “exemplo” do
filme Escritores da Liberdade, no qual uma professora fazia de tudo para tentar conseguir
dar uma boa aula e os demais professores faziam de tudo para que ela não
conseguisse. Isso é consequência da desunião da categoria? Ou do desânimo e
falta de esperança na melhoria da educação? Ou da falta de confiança e apoio
aos estudantes?
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MARTELO, BIGORNA E ESTRIBO
Uma vez vi o Rodrigo Ciríaco, em uma entrevista, falando sobre a dificuldade de ter o
"seu" silêncio na sala de aula. De fato, existe uma cultura escolar
que enterrou quase por completo a possibilidade de um professor falar e ser
automaticamente ouvido.
Vejo isso como um problema sério. Afinal, todos nós, de um modo ou de
outro, gostamos de ter a atenção das pessoas. Se um professor se acostuma a
falar e ser ouvido apenas por meia dúzia de pessoas(o que significa o prejuízo
da mensagem, pois o ruído de todos os demais afetarão esse diálogo), ou ele não
se importa com o desempenho dos alunos ou, simplesmente cansou,
auto-preserva-se para não ficar doente ou aumentar sua frustração. Se ele não é
ouvido por nenhum aluno, então, sua dignidade está em frangalhos.
Digo isso e acho importante ressaltar que na minha experiência,
esse não-silêncio permeia todos os tipos de aula e independe da metodologia
proposta; o barulho reina nas aulas expositivas clássicas, nos debates, nos
trabalhos em grupo, nos seminários, nos filmes... a cultura do barulho domina a
escola.
Salas aonde há professores, aliás, quase sempre reproduzem
isso.
Quase sempre meu discurso de apelo ao silêncio é:
"Por que não ouvir? Por que vocês acham que a gente pode
aprender sobre o mundo trocando ideias, conversando, sem precisar copiar da
lousa ou responder perguntas óbvias do livro didático? Por que pessoas mais
velhas ouvem e aprendem coisas, como é o caso do Costa Senna e da Tomie
Ohtake?"
Quase sempre há também um silêncio como resposta. Não sei de
incompreensão, não sei se de desprezo... até a recomeçarem a barulheira e a
busca pelo "meu" silêncio...
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POBRE GALINHA
Antes de tudo, peço desculpas pelos erros de digitação... tenham
certeza, é o cansaço!
Dia desses meu amigo Saulo Ferreira comentou aqui que sentia-se um escravo por ter que corrigir
provas oficiais do governo. Para piorar, a credibilidade destas avaliações é
cada vez menor, porque elas são repetitivas e feitas de cima pra baixo.... ter
parâmetros é importante, mas o modelo que temos no governo do estado é pífio,
não funciona e muitas vezes atrapalha...
O que acontece, porém, é que quando as provas chegam, todos
sentam e fazem o serviço sem reclamar... a cena me lembra uma sala de aula,
quando os jovens fazem uma tarefa absolutamente por fazer, na qual não veem (muitas
vezes com razão), sentido algum...
A Rebeldia na Educação está semi-morta. Semi.
Ontem, uma aluna da oitava série desceu à Direção. Sua
reclamação: ela queria ouvir o professor na aula de Ciências, mas três colegas
não paravam de zoar e não deixavam. A coordenadora acolheu a reivindicação e
subiu para conversar com a sala. Na sala dos professores, que ouviam passivos
sobre o ocorrido, comentei:
"Ótimo... que tal se a gente chamasse essa menina e a
elogiasse coletivamente? Se a gente se une pra criticar um aluno, por que não
pra parabenizar...?"
Pegaram a sugestão, mataram-na, comeram-na e, sob silêncio,
passaram-se anos...
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