terça-feira, 23 de abril de 2013

Brasil precisa de “educação libertadora” para superar desigualdades


A CUT São Paulo realizou na última sexta e sábado (19 e 20 de abril) a 1ª Conferência Livre de Educação da Classe Trabalhadora, num encontro que reuniu não só trabalhadores (as) da educação, mas das várias categorias dos 17 ramos cutistas, com o objetivo de discutir os caminhos necessários para a educação no Brasil.

A emoção marcou o início do evento na quadra do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, na região central paulistana. No palco, Carlos Ramiro de Castro, o Carlão da Apeoesp, fez uma saudação e, sempre bem humorado mesmo diante das adversidades, apontou a educação como caminho para que o Brasil se torne um país forte e desenvolvido. “A educação é de responsabilidade de todos nós, é do povo brasileiro, não só dos trabalhadores da educação”, pontuou.

“Carlão é símbolo do embate pela qualidade no ensino em São Paulo e no Brasil. Vamos seguir seu exemplo de luta e resistência”, afirmou o presidente da CUT/SP, Adi dos Santos Lima, dividindo a mesa com Felipe Makungo, vice-presidente do Sindicato Nacional dos Bancários de Angola.

Dando continuidade à abertura do evento, Adi criticou duramente o modelo neoliberal, de Estado mínimo, adotado pelo governo paulista, e ressaltou que os participantes da conferência têm a responsabilidade de traçar estratégias para mudar este quadro.

Para o presidente cutista, “São Paulo é exemplo do que não deve ser seguido nem no Brasil, nem em qualquer outro lugar do mundo. O governo continua tentando fazer com que o funcionalismo público se arraste de joelhos atrás de uma mesa de negociação”.

Desafios e estratégias - Douglas Izzo, vice-presidente da CUT/SP, coordenou os trabalhos da mesa A conjuntura nacional e os desafios da educação brasileira explicando que um dos principais objetivos da conferência é organizar os sindicatos para intervir nas plenárias da Conferência Nacional de Educação (CONAE) intermunicipais, estadual e nacional, além de discutir as propostas para a educação pública com todas as categorias.

Representando a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam), Leandro de Oliveira abriu os debates pontuando a necessidade de se discutir a qualidade dos conteúdos curriculares, de colocar o Plano Nacional de Educação (PNE) em prática e de se construir a educação como política pública, com a participação de toda a sociedade.

Francisco das Chagas Fernandes representou o Ministério da Educação na ausência do ministro Aloizio Mercadante, internado desde quinta-feira (18) no Hospital das Forças Armadas em Brasília devido a uma inflamação no abdômen.

Francisco também defendeu a aprovação do PNE e lembrou que o plano é debatido desde 2008 e está há mais de dois anos parado no Congresso Nacional, período no qual o país está sem um plano de Estado, alertou.

Ele demonstrou preocupação quanto ao financiamento e afirmou que é preciso aprofundar o embate, pois a destinação dos royalties do petróleo para a educação não é consenso. Defendeu, ainda, o espaço para as diversidades como um dos itens fundamentais para a qualidade social da educação, ou seja, voltada para todos e todas.

Para Roberto Franklin Leão, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), a educação brasileira está “pasteurizada” e, no estado de São Paulo, a escola está restrita ao papel de ensinar a ler e a escrever, criando um aluno não questionador e sem atitude perante o mundo. Por isso, um dos maiores desafios apontados pelo dirigente é promover uma educação libertadora, “que possa gerar seres capazes de pensar livremente”, capaz de levar à superação das desigualdades e à inclusão efetiva da população brasileira.

Leão diz que 84% dos alunos do ensino fundamental estão nas escolas públicas, sendo urgente o aumento dos investimentos e da valorização profissional unida a uma gestão democrática nas escolas.

A 1º Conferência Livre de Educação da Classe Trabalhadora terminou no sábado, após a discussão dos sete eixos centrais que atendem ao tema O PNE na Articulação do Sistema Nacional de Educação: Participação Popular, Cooperação Federativa e Regime de Colaboração.

O conjunto de propostas vai preparar e qualificar a participação do movimento sindical nos debates para CONAE, que terá sua etapa nacional de 17 a 21 de fevereiro de 2014, em Brasília.

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