A CUT São Paulo realizou na última sexta e sábado (19 e 20 de abril) a
1ª Conferência Livre de Educação da Classe Trabalhadora, num encontro que
reuniu não só trabalhadores (as) da educação, mas das várias categorias dos 17
ramos cutistas, com o objetivo de discutir os caminhos necessários para a
educação no Brasil.
A emoção marcou o início do evento na quadra do Sindicato dos Bancários
de São Paulo, Osasco e Região, na região central paulistana. No palco, Carlos
Ramiro de Castro, o Carlão da Apeoesp, fez uma saudação e, sempre bem humorado mesmo
diante das adversidades, apontou a educação como caminho para que o Brasil se
torne um país forte e desenvolvido. “A educação é de responsabilidade de todos
nós, é do povo brasileiro, não só dos trabalhadores da educação”, pontuou.
“Carlão é símbolo do embate pela qualidade no ensino em São Paulo e no
Brasil. Vamos seguir seu exemplo de luta e resistência”, afirmou o presidente
da CUT/SP, Adi dos Santos Lima, dividindo a mesa com Felipe Makungo,
vice-presidente do Sindicato Nacional dos Bancários de Angola.
Dando continuidade à abertura do evento, Adi criticou duramente o modelo
neoliberal, de Estado mínimo, adotado pelo governo paulista, e ressaltou que os
participantes da conferência têm a responsabilidade de traçar estratégias para
mudar este quadro.
Para o presidente cutista, “São Paulo é exemplo do que não deve ser
seguido nem no Brasil, nem em qualquer outro lugar do mundo. O governo continua
tentando fazer com que o funcionalismo público se arraste de joelhos atrás de
uma mesa de negociação”.
Desafios e estratégias - Douglas Izzo, vice-presidente
da CUT/SP, coordenou os trabalhos da mesa A conjuntura nacional e os desafios
da educação brasileira explicando que um dos principais objetivos da
conferência é organizar os sindicatos para intervir nas plenárias da
Conferência Nacional de Educação (CONAE) intermunicipais, estadual e nacional,
além de discutir as propostas para a educação pública com todas as categorias.
Representando a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público
Municipal (Confetam), Leandro de Oliveira abriu os debates pontuando a
necessidade de se discutir a qualidade dos conteúdos curriculares, de colocar o
Plano Nacional de Educação (PNE) em prática e de se construir a educação como
política pública, com a participação de toda a sociedade.
Francisco das Chagas Fernandes representou o Ministério da Educação na
ausência do ministro Aloizio Mercadante, internado desde quinta-feira (18) no
Hospital das Forças Armadas em Brasília devido a uma inflamação no abdômen.
Francisco também defendeu a aprovação do PNE e lembrou que o plano é
debatido desde 2008 e está há mais de dois anos parado no Congresso Nacional,
período no qual o país está sem um plano de Estado, alertou.
Ele demonstrou preocupação quanto ao financiamento e afirmou que é
preciso aprofundar o embate, pois a destinação dos royalties do petróleo para a
educação não é consenso. Defendeu, ainda, o espaço para as diversidades como um
dos itens fundamentais para a qualidade social da educação, ou seja, voltada para
todos e todas.
Para Roberto Franklin Leão, da Confederação Nacional dos Trabalhadores
em Educação (CNTE), a educação brasileira está “pasteurizada” e, no estado de
São Paulo, a escola está restrita ao papel de ensinar a ler e a escrever,
criando um aluno não questionador e sem atitude perante o mundo. Por isso, um
dos maiores desafios apontados pelo dirigente é promover uma educação
libertadora, “que possa gerar seres capazes de pensar livremente”, capaz de
levar à superação das desigualdades e à inclusão efetiva da população
brasileira.
Leão diz que 84% dos alunos do ensino fundamental estão nas escolas
públicas, sendo urgente o aumento dos investimentos e da valorização
profissional unida a uma gestão democrática nas escolas.
A 1º Conferência Livre de Educação da Classe Trabalhadora terminou no
sábado, após a discussão dos sete eixos centrais que atendem ao tema O PNE na
Articulação do Sistema Nacional de Educação: Participação Popular, Cooperação
Federativa e Regime de Colaboração.
O conjunto de propostas vai preparar e qualificar a participação do
movimento sindical nos debates para CONAE, que terá sua etapa nacional de 17 a
21 de fevereiro de 2014, em Brasília.
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