Os professores da
rede pública estão em greve em diversos estados. Antes de qualquer outra
informação, preciso dizer que não sou professor. Sou apenas um amante da
Educação e, por isso, apoio a paralisação.
Segundo a Confederação
Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), 22 estados aderiram à greve
nacional da educação pública, convocada para os dias 23, 24 e 25 de abril. As
redes estaduais de São Paulo e Maranhão decidiram paralisar as aulas por tempo indeterminado.
Lei do Piso
A paralisação foi decidida no final de fevereiro, logo depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a dilapidação dos direitos dos
professores. Na ocasião, o STF, que é quem deveria zelar pelo cumprimento da
Lei, desrespeitou-a ao cancelar os primeiros três anos de vigência da Lei do Piso (Lei 11.738/2008), que estabelece o piso nacional docente no
país. Quando a lei foi sancionada, em 2008, seis governadores estaduais
entraram com ação contra ela, alegando que teriam seus custos com pessoal
elevado em "dezenas de bilhões de reais".
Com a decisão, a impressão que fica é a de que o
Supremo passou a mão na cabeça dos governadores, foi leniente, acobertou o erro
dos estados que não pagavam o que deveriam pagar aos professores. Se esta
decisão (para não falar outra coisa) realmente for acatada, quem não recebeu o
piso regularmente desde o início de vigência da lei, não poderá cobrar as
diferenças devidas desde 2008. Poderão cobrar somente a partir de abril de
2011.
Outras reivindicações
Mas, esse é apenas um dos motivos da paralisação. Em São Paulo, por
exemplo, onde a greve está decretada por tempo indeterminado, os professores têm
uma extensa pauta de reivindicações.
O governo tuCANALHA do Chuchu Alckmin quer dar aumento de 2% para a
categoria. Isso significa R$ 0,19 por hora/aula para professores que dão aula
do 1º ao 5º ano (antiga 1ª a 4ª série) e R$ 0,22 por hora/aula para aqueles que
dão aula do 6º ao 9º ano (antiga 5ª a 8ª série).
Pela proposta do Chuchu, seriam desconsiderados reajustes de 5% que já deveriam
ter sido dados em 2012 e outros 6% em cumprimento à Lei Complementar 1143/2011. Ou seja, o Chuchu quer, mais uma vez, descumprir a
Lei. Em resumo, neste caso, os professores reivindicam tão somente que a lei
seja cumprida.
Precarização do
profissional
É claro que existem outras reivindicações. Todas justas. Mas, o que mais
que incomoda é a situação dos professores categoria “O”, aqueles que têm
contrário temporário. O problema é que o governo não faz concursos para
contratá-los de forma definitiva. O “temporário” é em definitivo. Estes são
ainda mais sofredores. Executam a mesma função, o mesmo trabalho, mas não têm
os mesmos direitos dos efetivos (leia explicação sobre as categorias e as diferenças de direitos entre elas).
Há quem possa pensar: “Está certo, uai! Quem passou no concurso tem que
ter mais direitos mesmo!”. Se o governo fizesse concurso para que os
temporários pudessem passar, eu até poderia concordar com isso. Mas o governo
faz concursos à prestação. Prefere manter estes professores como categoria “O”.
E, mais uma vez, desrespeitar a Lei, desta vez a que determina que todo
funcionário público deve ser concursado. Se o governo não cumpre a lei dos
concursos, então que dê os mesmos direitos a estes professores temporários.
Mas, mantendo-os como categoria “O” o governo tuCANALHA do Chuchu
Alckmin tem como exercer pressão sobre estes profissionais. Cometem um
verdadeiro assédio moral. Assim, conseguem manter as escolas “funcionando normalmente”
mesmo durante as greves.
O “normal” para os tuCANALHAS é isso aí. Para eles, é normal a situação
precária pela qual passa a educação pública em nosso país. Educação pública, no
modo de pensar deles, é para quem não tem dinheiro para pagar por uma escola
particular. Eles somente se importam com que tem dinheiro. Pobre não tem
direito a ter direitos.
Por isso, mesmo que os professores recebessem altos salários, como o
governo tenta fazer com que acreditemos, eu apoiaria a greve dos professores
pelo simples fato de eles reivindicarem também mais investimentos para a
educação pública, por eles reivindicarem melhorias na estrutura educacional,
por eles aceitarem passar por situações humilhantes para ensinar os filhos da
classe trabalhadora.
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